Aracruz fecha acordo de dívida e fusão com VCP será retomada

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Empresa acertou com bancos credores prazo de nove anos para pagar débito de US$ 2,1 bi

 

A Aracruz chegou a um acordo com os bancos credores para pagamento de uma dívida de US$ 2,13 bilhões causada por operações malsucedidas com derivativos cambiais. A negociação incluiu também outros cerca de US$ 500 milhões em dívidas já existentes da empresa com alguns dos bancos. Pelos termos acertados entre as partes, a Aracruz ganhou um prazo de nove anos para pagar os débitos, que serão corrigidos, inicialmente, pela taxa Libor - a principal taxa de juros do mercado de Londres - mais 3,5% ao ano. Essas taxas terão acréscimos semestrais, resultando, segundo a empresa, em uma taxa média de Libor mais 4,6% ao ano.

 

Com o acerto, será retomado agora o processo de fusão da Aracruz com a Votorantim Celulose e Papel (VCP), que cria uma gigante global do setor de celulose. A fusão havia sido acertada em meados de setembro, quando a VCP, que já tinha 28% da Aracruz, anunciou a compra, por R$ 2,7 bilhões, da participação de 28% da família Lorentzen na empresa. A VCP fechou também um acordo para troca de ações com o grupo Safra, o outro grande acionista da Aracruz. A empresa resultante da fusão dos ativos da Aracruz e da VCP seria controlada pela Votorantim e pelo Safra, com 50% das ações com direito a voto cada.

 

No fim de setembro, no entanto, o negócio sofreu um revés, com o anúncio da Aracruz de perdas bilionárias com operações de derivativos cambiais. As perdas provocaram um enorme rombo no caixa da Aracruz, e o valor de mercado da empresa despencou. Com isso, o preço acertado pela Votorantim para comprar as ações da família Lorentzen ficou, subitamente, alto demais.

 

Em meados de outubro, para piorar ainda mais o cenário, a própria Votorantim anunciou um prejuízo de R$ 2,2 bilhões com operações de derivativos cambiais, o que deixou a empresa em uma situação ainda mais delicada para levar a cabo uma transação bilionária como a fusão entre VCP e Aracruz.

 

Nos últimos meses, a Votorantim se desfez de alguns ativos para fazer caixa. No início de outubro, vendeu as empresas de biotecnologia Alellyx e CanaVialis, por mais de R$ 600 milhões, para a multinacional Monsanto. Este mês, vendeu uma participação de 50% no Banco Votorantim para o Banco do Brasil, um negócio de R$ 4,2 bilhões. O grupo tenta ainda vender sua participação de 14,2% na CPFL, um negócio estimado em cerca de R$ 2 bilhões.

 

Com esse dinheiro em caixa, a Votorantim ganha fôlego para voltar a investir na Aracruz. O BNDES, que tem uma fatia de 12,5% na Aracruz, também deve fazer um aporte na empresa. O banco, na verdade, já estava preparando sua saída do grupo controlador, quando o processo de reestruturação foi atropelado pela crise financeira e pela perda da empresa com derivativos.

 

O acerto com os credores também vai permitir a retomada, a partir do primeiro semestre de 2011, do projeto de expansão da fábrica da Aracruz em Guaiba (RS).

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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