O mercado nacional de balas não vive o seu melhor momento e ao que tudo indica ainda percorrerá um bom caminho para reverter as sucessivas quedas observadas na produção e no consumo interno, que fecharam o ano passado com retração de 6,7% e 5,2%, respectivamente, em comparação com o mesmo período de 2011.
Os dados contabilizados oficialmente pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) também apontaram um decréscimo de 2,1% na produção registrada durante o primeiro semestre deste ano.
Diante deste cenário, as fabricantes de balas resolveram ampliar seus investimentos em inovação para afastar o fraco desempenho dos últimos meses.
"As transformações sociais que ocorreram no País provocaram também uma migração no consumo, devido à mudança de classe social. Nesse período, observamos uma queda no volume comercializado, o que motivou as empresas a ampliarem seus aportes. Agora, os fabricantes se mexem para reposicionar suas marcas", diz o vice-presidente de Balas da Abicab, Osmar Chaves.
Em resposta, os empresários investiram R$ 600 milhões, no ano passado, para a criação de novos sabores, formatos e embalagens. A recuperação, entretanto, deve demorar alguns anos.
"Queremos retomar o crescimento do setor nos próximos cinco anos. Esse é o nosso plano estratégico. Para isso, é necessário que os fabricantes reforcem o valor agregado dos seus produtos e a exposição dos mesmos nos pontos de venda. A mudança é conceitual e vai demorar", diz Chaves.
A entidade projetava para esse ano, um crescimento de 2% no consumo, mas, segundo o vice-presidente de Balas "isso não vai acontecer". Dessa forma, a instituição espera estabilidade.
Inovação
A multinacional norte-americana Mondelez, detentora da marca Halls, foi uma das fabricantes que resolveu promover uma reformulação em seus produtos.
"Estamos otimizando nosso portfólio. Neste ano, já deletamos uma linha de balas recheadas com chocolate e, até 2014, devemos encerrar a produção de outros itens", afirma o gerente de marketing de balas da Mondelez Brasil, Eduardo Trevizani.
Segundo o executivo, o processo de racionalização de portfólio permite à companhia trazer novidades aos consumidores, como no caso do Halls Soft - bala redonda, recheada e mastigável -, lançado este ano com o objetivo de entrar no mercado de balas mastigáveis. "Vimos a oportunidade de aumentar nossa presença entre os consumidores mais jovens, que preferem esse tipo de bala", explica Trevizani.
Com o lançamento, a empresa deseja abocanhar um terço do segmento de balas mastigáveis até 2014. "Acreditamos que no ano que vem, a linha de Halls Soft já representará de 10% a 15% do faturamento total da marca Halls no Brasil", afirma. Entre os principais canais de vendas estão os cinemas, aonde, de acordo com Trevizani, as balas mastigáveis são mais consumidas que as demais. "Falamos que elas são a pipoca doce do cinema", conclui.
Atuando nesta categoria, a Mondelez baterá ainda mais de frente com a multinacional Perfetti Van Melle, dona da marca Mentos. De acordo com a diretora de marketing da empresa, Elzilene de Moraes, o crescimento da marca no Brasil é uniforme.
"Por uma série de fatores, conseguimos ir contra essa onda de queda. A Mentos Bala, por exemplo, cresceu 7% em volume entre janeiro e agosto deste ano. O resultado é bem significativo se levarmos em conta a forte concorrência", afirma de Moraes.
Para a executiva, a chave do sucesso foi o investimento em comunicação e marketing. Aproveitando a Copa das Confederações, a multinacional apostou no licenciamento e utilizou a imagem do jogador brasileiro Neymar para alavancar as suas vendas.
"Entre maio e julho deste ano, as vendas dos produtos associados à imagem do jogador cresceu 30% em comparação com o mesmo período de 2012", ressalta. Dessa forma, para este ano, a companhia projeta um crescimento de 7% a 8% em volume.
Veículo: DCI