O executivo-chefe da Novartis, Joe Jimenez, sinalizou na sexta-feira que as operações da companhia nos setores de vacinas e de produtos de saúde para o consumidor serão, muito provavelmente, vendidas ou reestruturadas na forma de parcerias com outras empresas nos próximos meses. Ele anunciou um programa de recompra de ações de US$ 5 bilhões.
Jimenez disse estar disposto a gastar o montante de US$ 5 bilhões em aquisições, associado à venda das duas empresas não essenciais, mas sugeriu que a alienação é mais provável.
Seus comentários vieram após a venda, pela Novartis, por US$ 1,7 bilhão, da subsidiária no setor de diagnósticos para a Grifols. Os recursos vão ajudou a financiar o programa de recompra de ações que será posto em prática nos próximos dois anos. Entretanto, Jimenez prometeu empenho para as linhas de dermatologia, insuficiência cardíaca, respiratória e em terapia celular para tratamento de câncer.
O executivo-chefe descreveu os planos para ganhos de produtividade da ordem de 3% a 4% em valor até 2015, como parte de uma reestruturação das 100 bases de produção em todo o mundo que a Novartis acumulou por meio de aquisições nos últimos anos.
Jimenez enfatizou estar "em busca de maneiras de ganhar escala" para as duas operações não essenciais da companhia, mas que a expansão de todas elas "muito provavelmente não será possível". Ele avalia que os alvos de aquisição estão nas mãos de grandes empresas, o que torna a aquisição muito dispendiosa.
Ele também salientou que a Novartis está usando cada vez mais dados do "mundo real" que revelam o verdadeiro impacto de seus medicamentos após seu lançamento, para persuadir compradores das razões para adquiri-los. O executivo contrastou essa abordagem com os dados mais limitados obtidos de testes clínicos.
Jimenez salientou que esse tipo de informação contribuiu para um aumento no uso do Lucentis, medicamento da companhia empregado no tratamento de degeneração macular do olho relacionada à idade, e do Gilenya, sua medicação para esclerose múltipla oral.
A Novartis ainda está em meio de uma reavaliação do abrangente império construído por Daniel Vasella, seu ex-presidente, que lhe proporcionou acesso a uma cesta de medicamentos inovadores e genéricos, e foi completada em 2010 pela aquisição da Alcon, especializada em oftalmologia, por US$ 52 bilhões.
"A Novartis chegou a um ponto de inflexão, tendo integrado totalmente a Alcon e reduzido seu endividamento", disse Jimenez.
O presidente acrescentou: "Estamos aperfeiçoando ainda mais a execução de nossa estratégia de reforçar o valor para o acionista, com base na inovação científica em segmentos de elevado crescimento em cuidados de saúde, onde detemos a escala mundial, vantagem competitiva e capacitação adequada para vencer."
Analistas reagiram positivamente ao anúncio da recompra de ações no equivalente a US$ 5 bilhões pela Novartis. Andrew Baum, analista do Citi, descreveu a decisão como "um bom começo para melhorar a disciplina de capital", acrescentando esperar mais retornos em dinheiro depois que a empresa vender alguns de seus ativos não essenciais.
"Embora a reestruturação incipiente e a reorientação do foco da Novartis talvez não produzam o enorme impacto da reestruturação de uma empresa americana, o comunicado de hoje [sexta-feira] reforça nossa confiança em que a saída do ex-presidente elevou a importância do valor para o acionista no grupo", disse Baum.
Veículo: Valor Econômico