A Hypermarcas redesenhou sua área de vendas, que em 2010 era formada por doze equipes originárias de diversas empresas adquiridas nos anos anteriores. Em 2012, eram nove times e, este ano, a companhia concluiu o processo e ficou só com dois: de higiene e beleza (divisão de consumo) e de medicamentos (divisão farma).
Segundo o presidente da companhia, Claudio Bergamo, a nova equipe de consumo foi formada em fevereiro e, desde então, 70% dos líderes de venda foram trocados. "As equipes das empresas que compramos tinham outra cultura", disse ontem Bergamo, em reunião anual com analistas e investidores. "O foco era em 'sell in' [venda da indústria para o varejo], e isso não é sustentável", afirmou. A nova equipe tem como missão pensar nas vendas do varejo para o consumidor. Segundo Bergamo, 2014 será um ano para amadurecer a nova estrutura.
Questionado por analistas, Bergamo disse não estar com medo da concorrência das multinacionais. Segundo ele, a competição de grandes empresas estrangeiras não é uma ameaça e não está entre os principais riscos para a Hypermarcas. O executivo destacou que a Hypermarcas vem disputando espaço com multinacionais desde a época da Arisco, empresa que deu origem ao grupo e depois foi vendida para a Unilever. "Temos como vantagens a agilidade e o conhecimento dos consumidores", disse o presidente da unidade de consumo, Nicolas Fischer.
Na divisão de medicamentos, Bergamo disse que existe uma regulação muito forte no Brasil e que não adianta as multinacionais colocarem muito dinheiro, porque é difícil atuar nesse mercado. O presidente da divisão farma, Luiz Violland, disse que a equipe de vendas de medicamentos vai aumentar 20% neste ano, e o número de visitas vai dobrar, com o objetivo de garantir um melhor abastecimento e exposição dos produtos nas farmácias.
Após 28 aquisições, a Hypermarcas não faz nenhuma compra desde 2011 e centrou a estratégia no crescimento orgânico. Analistas perguntaram se a companhia poderia vender alguma marca, já que reduziu em 40% o número de itens na divisão de consumo em dois anos. Bergamo disse que não pensa nem em comprar nem em vender. Segundo ele, o melhor investimento para a Hypermarcas hoje é na própria empresa, em renovação de produtos ou extensão de linhas, por exemplo.
Bergamo disse que a companhia obteve R$ 300 milhões de financiamento da Finep. Ontem, a empresa informou ainda que vai emitir R$ 200 milhões em debêntures simples. O conselho de administração aprovou também o aumento da oferta de recompra de títulos de dívida da empresa, com remuneração de 6,5% ao ano e vencimento em 2021, para até US$ 420,16 milhões.
Veículo: Valor Econômico