Copa pode ajudar as vendas de 2014

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O comércio brasileiro segue com a perspectiva de um 2014 ainda nebuloso. No pior dos casos, o setor manterá estabilidade em seus indicadores de crescimento, enquanto segmentos como eletroeletrônicos, telefonia e alimentos podem ser impulsionados pela Copa do Mundo. Por outro lado, mesmo com o evento esportivo e as eleições no segundo semestre, economistas ouvidos pelo DCI ainda apontam cautela.

Para o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Emilio Alfieri, dois fatores serão decisivos quanto as expectativas de vendas com a Copa. "Se não houver manifestações, como as ocorridas durante a Copa das Confederações, neste ano, existe a possibilidade de uma melhora no desempenho de vendas, em especial dos supermercados, que foi o maior mico durante os jogos de 2013", disse ele.

O especialista ressaltou que a perspectiva de menos dias úteis em 2014 - a probabilidade é de que nos dias de jogo da Seleção Brasileira seja decretado feriado - pode ser considerada um fator de vendas menores. "Pode-se até dizer que o consumidor não gastou em um dia, mas gastará no outro. Teremos dias de vendas perdidos", explicou. Para Alfieri, o que movimentará a economia como um todo no próximo ano serão as

parcerias público-privadas (PPP). Elas deverão injetar montante significante de dinheiro no País, com a construção e ampliação de rodovias, aeroportos e portos. Outro ponto ressaltado pelo economista refere-se ao câmbio, e que a possibilidade do dólar apresentar nova volatilidade ano que vem é eminente. "Como teremos eleições no segundo semestre, se a disputa entre os candidatos se acirrar e deixar o eleitor indeciso, esse cenário de estabilidade política afetará diretamente o câmbio", disse.

De acordo com o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior, há esperança de se vislumbrar um 2014 melhor, mas nada é certo. "Acreditamos em um primeiro trimestre positivo, pois não há perspectiva de inflação pressionando o preço dos alimentos", declarou ele. A projeção sobre o volume de vendas no varejo para 2014 ainda não foi fechada pela CNDL, mas Pellizzaro Junior, ao que tudo indica, acredita que teremos um patamar estável para 2014. "Eu acredito que o varejo passa agora por um momento de estabilidade que perdurará no próximo ano", concluiu, em entrevista ao DCI.

As opiniões das entidades fazem coro com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que também projeta um cenário de cautela para o varejo em 2014, influenciado principalmente pelo menor reajuste real do salário mínimo previsto para janeiro, de 0,9%, abaixo do registrado em anos anteriores.

O movimento de alta do endividamento das famílias e a trajetória de queda dos índices de confiança, tanto do empresário como do consumidor, também contribuem para a expectativa. A FecomercioSP estima que em 2013 o varejo cresça 4% no Estado. Para 2014, a expansão esperada é de 3%. Além disso, na capital paulista o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) deve contribuir negativamente para a atividade varejista.

"O primeiro trimestre será especialmente complicado, por esses fatores e pela própria sazonalidade, que sempre faz com que esse período seja mais fraco", disse o diretor executivo da FecomercioSP, Antonio Carlos Borges, na apresentação das perspectivas da Federação para 2014.

A expectativa para o setor na cidade de São Paulo é de alta de 3% este ano e de 3,7% no próximo. A situação ainda favorável do mercado de trabalho, com a manutenção dos níveis de emprego, e o crescimento do crédito e da renda, mesmo que em proporções menores, devem sustentar o resultado da atividade varejista em 2014. "Isso não vai garantir um desempenho tão forte, mas também evitará uma crise", conforme afirmou Borges.

De acordo com a FecomercioSP, a realização da Copa do Mundo no Brasil no ano que vem tampouco representa um estímulo adicional para a economia varejista. Altamiro Carvalho, assessor econômico da Federação, disse que o evento terá um efeito limitado para o setor, já que o câmbio brasileiro é desfavorável para os turistas estrangeiros que virão ao País e, por isso, não deve haver um incremento significativo das vendas. "Estamos considerando um impacto quase nulo nesse sentido. Os maiores benefícios serão na geração de empregos e na área de serviços", destacou Borges.

Balanço de 2013


Em 2013, o setor que apresentou melhor desempenho no varejo, segundo a FecomercioSP, foi o de eletrodomésticos e eletrônicos, que deve fechar o ano com expansão de 45,1%, impulsionado em parte pelos meses de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca e pelo programa Minha Casa Melhor, do governo federal, que facilita a compra de eletrodomésticos pelos participantes do "Minha Casa, Minha Vida". Se a previsão for confirmada, o segmento de eletrodomésticos e eletrônicos fecharia 2013 com peso de 53,44% sobre o resultado geral do varejo no estado de São Paulo. Na sequência aparecem as categorias de materiais de construção, com alta estimada de 14%, e supermercados (3,1%).




Veículo: DCI


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