Farsul projeta produção recorde, mas cotações em baixa tendem a reduzir a renda vinda da agricultura
A economia gaúcha deve continuar se beneficiando dos resultados do seu carro-chefe em 2014, mesmo que possa crescer em ritmo um pouco menor. Com projeção de safra recorde, a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) estima que o Estado vai superar a inédita barreira de 30 milhões de toneladas de grãos colhidos.
Se o clima ajudar com chuva dentro da normalidade e a temida lagarta Helicoverpa armigera, que provocou prejuízos bilionários na última safra na Bahia, for controlada nas lavouras gaúchas de soja, o Estado deve ter o segundo ano seguido de safra cheia depois da seca em 2012.
Mas com uma base de comparação mais alta, os números de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) tendem a ser mais modestos no Rio Grande do Sul (veja quadro ao lado). Em vez dos mais de 6% projetados para 2013, a Farsul estima, em 2014, avanço de 1,95% na economia do Estado, similar aos 2,1% da estimativa considerada mais provável pela Federação das Indústrias (Fiergs), que na terça-feira também fez projeções para o próximo ano.
– Voltamos a um padrão de mediocridade. Independentemente de crescer menos que o país, é pouco. Não teria nenhum problema avançar menos que o Brasil se o Brasil estivesse crescendo 10%, 8% – avalia o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.
Ambos levantamentos mostram a dependência do Rio Grande do Sul dos resultados do campo, que continua a assistir o avanço da soja sobre áreas tradicionalmente usadas para a pecuária. Só em 2013 o aumento foi de 386 mil hectares e a projeção para o ano que vem é de que outros 84 mil hectares recebam sementes do grão.
– Vamos passar por um período favorável no campo, com a consciência da sociedade para a importância do setor na economia do Estado e do país – comenta o presidente da Farsul, Carlos Sperotto.
Se tudo correr como previsto, a estimativa de renda gerada pelas atividades do campo, o chamado valor bruto de produção (VBP), deve apresentar crescimento de 4,8% em 2014, taxa menor que a inflação estimada para o mercado para o próximo ano, de 5,92%. Na prática, é menos dinheiro circulando na economia do Estado.
Veículo: Zero Hora - RS