Nestor Tipa Júnior
Se o clima seco e quente prejudicou lavouras no Rio Grande do Sul no final de 2013, para os parreirais o tempo foi benéfico e ajudou na fase de maturação dos vinhedos gaúchos. Mesmo assim, técnicos e produtores ainda esperam o comportamento climático do mês de janeiro para poder prever o que será da safra de uva de 2014.
Até o momento na visão dos envolvidos na cadeia produtiva é que, se continuar como está, com chuva mais restrita e tempo mais seco, a produtividade da cultura deve ser beneficiada e trazer frutos de boa qualidade ao consumidor final e para as indústrias produtoras de vinhos. Segundo o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Eduardo Monteiro, especialista na área de agrometeorologia, a combinação ocorrida no mês de dezembro, com chuva na primeira quinzena e tempo seco na segunda foi na medida certa para os parreirais. “A chuva inicial ajudou com o armazenamento hídrico do solo e nos dias seguintes tivemos um tempo aberto com boa insolação, e isso favoreceu a produtividade”, explica.
Monteiro salienta que a maior parte da cultura está no estágio de maturação, com colheita que deve começar ainda neste mês para os parreirais implantados mais cedo, mas com a maior parte sendo colhida ao longo de fevereiro e que deve durar até março para os parreirais plantados mais tardiamente. O diretor-técnico do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Leocir Bottega, acredita que ainda é cedo para analisar o comportamento da safra, pois os prognósticos climáticos andam imprevisíveis. “Tivemos episódios de chuva de granizo que aconteceram em pontos isolados, mas isto não interfere no geral da safra. Até o momento tudo ocorre dentro da normalidade”, avalia.
Independente do clima, o dirigente do Ibravin ressalta que o produtor tem se qualificado nas últimas safras em busca de entregar um produto de maior qualidade para as indústrias. O presidente da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, afirma que a safra deverá ficar dentro da normalidade em termos de produção, perto de 700 milhões de quilos. “A uva está em bom estado de sanidade e tudo nos indica que teremos grande qualidade. Temos procura pelo produto maior do que nos últimos anos”, informa.
Outro fato comemorado pelo representante dos produtores é o aumento de 10,5% no preço mínimo do quilo da uva industrial, que passou de R$ 0,57 para R$ 0,63 o quilo. “Entendemos que é um avanço, que não atende totalmente a necessidade do produtor, mas, ainda assim, houve um incremento significativo, que está acima dos índices inflacionários ocorridos no ano passado”, complementa Schiavenin.
Veículo: Jornal do Comércio - RS