Em alta no campo e no varejo em março, o preço do feijão deve continuar subindo nas próximas semanas
A prévia da inflação de março (IPCA-15) mostrou uma alta de 1,44% no preço do carioca neste mês, contribuindo para a variação de 1,11% do grupo alimentação.A taxa não chega perto da do tomate (28,5%) ou da batata (14,6%), mas, devido ao peso do feijão no orçamento, é relevante para o índice.
Segundo Vlamir Brandalizze, da Brandalizze consultoria, se depender do feijão o bolso do consumidor não deve sentir um alívio tão cedo.A colheita da primeira safra, que está sendo finalizada no Sul do país, foi prejudicada pela chuva que atingiu a região nos últimos dias.
De acordo com Brandalizze, praticamente não há produto de qualidade entrando no mercado, o que deve pressionar as cotações.Ao mesmo tempo, a demanda pelo produto deve aumentar nas próximas semanas, com o varejo procurando repor as gôndolas para o início do próximo mês, quando há aumento no consumo.
"Não se espera uma disparada dos preços, mas vamos ter alguma pressão. Veremos a saca do feijão de boa qualidade entre R$ 150 e R$ 190."Com esses preços, o feijão nacional fica no mesmo patamar que o importado, diz Brandalizze. Mas a Argentina, principal fornecedor do produto para o Brasil, só terá feijão disponível para exportar a partir de maio ou junho.
Ontem, o feijão carioquinha tipo 1, ou seja, de boa qualidade, era negociado no campo por R$ 135 a saca de 60 quilos, em média, no país, segundo pesquisa da Folha.Desde o início deste ano, o preço do feijão ao produtor subiu 54,6%. Só nos últimos 30 dias, a valorização é de 43,6% --movimento que começa chegar ao consumidor.
A oferta do produto está comprometida durante todo o primeiro semestre.
A primeira safra já havia sido afetada pelo calor. A segunda safra, em fase final de plantio, deve ter queda de área. A expectativa é que o mercado volte a ter um abastecimento normal apenas com a terceira safra, semeada no segundo semestre.
Veículo: Folha de S. Paulo