Um consumidor mais pessimista, com uma situação financeira mais comprometida e com uma expectativa pior em relação a sua renda pessoal para o próximo semestre, e, ainda assim, desejoso de gastar mais nas compras de bens de maior valor do que nos últimos seis meses. O aparente paradoxo foi verificado no Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Segundo a pesquisa referente a março, 31% das pessoas disseram que pretendem aumentar as compras de bens de maior valor, e 4% disseram que querem "aumentar muito" essas compras em período próximo. Outras 53% afirmaram que pretendem manter mais ou menos os mesmos gastos nesse tipo de compra. Só 9% pretendem diminuí-lo.
O índice referente aos que pretendem aumentar as compras de bens de maior valor fechou em 115,7 pontos, 5,6% acima do observado em fevereiro e o maior da sondagem mensal desde outubro. No mesmo período de 2013, a expectativa era menor (111,8).
"O mais interessante é que essa perspectiva de comprar mais bens de maior valor subiu em todas as categorias, independentemente de idade ou grau de instrução", atestou o economista Marcelo Azevedo, da CNI.
É um contraste com outros números colhidos pela sondagem. O Inec total - calculado a partir de seis componentes de expectativas, como inflação, emprego, situação financeira, endividamento, renda pessoal e compra de produtos de alto valor - atingiu 108,8 pontos em março, valor idêntico ao de fevereiro. Para a CNI, a expectativa de aumento da inflação e do desemprego foram duas das razões que teriam mantido o consumidor pessimista em março.
veículo: Valor Econômico