Mas clima desfavorável interferiu na produtividade da plantação, que em casos mais extremos recuou 30%
A colheita da soja em Minas Gerais, no acumulado da safra até 4 de abril, já havia atingido 71% da área plantada. Os trabalhos estão adiantados em relação a igual período de 2013, quando o índice de conclusão era de apenas 64%. O clima seco aliado às altas temperaturas e a maior utilização de sementes precoces justificam a evolução do processo.
O clima desfavorável interferiu também na produtividade, que em casos mais extremos recuou 30%. No país o processo de colheita está em 78%, índice superior aos 71% registrados no início de abril de 2013.
De acordo com o analista da AgRural, consultoria especializada em agronegócio, Rodolfo Neumann, o estresse hídrico contribuiu fortemente para a antecipação da safra, que também ficará menor que a estimada no início do ano.
"A falta de água aliada às temperaturas elevadas registradas durante o período de formação dos grãos fez com que a soja antecipasse o crescimento e a produção do grão. Com isso, houve um amadurecimento antecipado que permitiu a colheita. Além disso, boa parte dos produtores mineiros investiu no plantio da soja precoce, visando à implantação do milho na segunda safra. Estes fatores fizeram com que o índice de colheita na safra atual ficasse maior", diz.
Em relação à produção, as altas temperaturas e a redução da oferta de água prejudicaram a produtividade. Segundo Neumann, o produtor que investiu na qualidade precoce conseguiu minimizar os prejuízos e a produtividade média foi pouco impactada, encerrando o período com rendimento médio de 50 sacas de 60 quilos por hectare.
Em compensação, quem plantou a semente comum registrou perdas significativas na produtividade, já que a estiagem aconteceu durante o período crítico do desenvolvimento da safra: a formação dos grãos.
Rendimento - De acordo com Neumann, em Minas Gerais a produtividade dos campos semeados com a variedade comum, que são colhidos tardiamente, saiu de uma expectativa de 50 sacas de 60 quilos por hectare para uma média de 40 sacas por hectare, queda de 20%. Em casos mais graves o rendimento foi ainda menor em torno de 35 sacas, queda de 30%.
Com a queda na produtividade, a estimativa para a safra 2013/14 de soja em Minas Gerais recuou significativamente. O levantamento da AgRural previa, em dezembro, uma produção de 3,7 milhões de toneladas, neste período as condições climáticas seguiam dentro do esperado. Em abril, após a ocorrência do veranico, a produção foi estimada em 3,2 milhões de toneladas, recuo de 13,5%.
Com a queda na produção, a oferta de soja no mercado segue ajustada à demanda e os preços pagos pela oleaginosa em patamares rentáveis para os produtores. De acordo com os dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), na última semana de março a saca de 60 quilos de soja era negociada em torno de R$ 64. Em igual período do ano passado, o mesmo volume estava cotado a R$ 54. Ganho de 18,5%.
"A tendência é que os preços sigam valorizados até a definição da safra norte-americana, que será plantada nas próximas semanas e deverá ser histórica, com a possibilidade de ganhar espaço sobre a cultura do milho", avalia Neumann.
Veículo: Diário do Comércio - MG