Vice-presidente da badalada Fairway, rede especializada em alimentos sediada em Nova York, Steve Jenkins descreveu os diferenciais da marca, queridinha dos amantes da boa gastronomia nos Estados Unidos. Ex-ator, queijeiro com distinção francesa de alto grau, Jenkins descreveu elementos que tornam memorável a experiência do consumidor com a Fairway, como o alto nível de especialização, o contato direto com produtores para identificação de produtos exclusivos e manutenção de preços justos, profundo conhecimento sobre o ramo, demonstrações ao vivo, degustação na loja e o incentivo ao trabalho bem feito dos colaboradores.
A Fairway foi fundada em 1933 como uma lojinha de frutas e vegetais. Nos anos 1970, Howie Glickberg, neto do fundador, assumiu o negócio. O conceito de oferecer o melhor valor atraiu mais fregueses e a loja começou a oferecer itens especializados, crescendo a ponto de assumir o ponto comercial vizinho. A marca foi uma das primeiras a oferecer produtos alimentícios diferenciados, importados e únicos, mantendo os preços baixos. Em 2006, os dois sócios iniciais de Howie se aposentaram, abrindo espaço para a chegada da Sterling Investment Partners no ano seguinte e para um ritmo de duas lojas abertas por ano. Em 2012, a rede já tinha nove unidades. Este ano, chega a 17.
Jenkins chegou à casa no fim dos anos 1970. Natural do Missouri, mudou-se para Nova York depois de se formar em Teatro por conta da esposa, com quem está casado há 38 anos. Na época tentava a carreira de ator - trabalhou em Manhattan, com Woody Allen - e trabalhava na concorrência como atendente na área de laticínios. "Sempre fui um cara de balcão", diz. Mas aprendeu a arte da produção de queijos na Europa e obteve seu certificado de mestre queijeiro (maitre-fromager) na França. Autor do livro "Cheese Primer" (Workman, 1996), foi um dos maiores responsáveis pelo apreço aos produtos artesanais que até hoje empolgam os clientes com a produção ao vivo de mussarela pelos queijeiros da casa.
Segundo ele, uma das bases do sucesso da Fairway é fazer tudo diferente do que é feito nos supermercados americanos tradicionais. "Nunca nos passou pela cabeça cobrar as taxas altíssimas que os supermercados cobram para colocar os produtos na prateleira ou na geladeira", critica. "Isso também gera confiança: somos tão amadores que não precisamos destes golpes". O relacionamento pessoal com o cliente na loja é uma das diferenças. Jenkins diz que depois atender no balcão por 40 anos, sabe como vender o que o cliente nem sabe que quer. Ele também se encarregava de visitar produtores e fechar negócios sem a intermediação de importadores. A padaria própria produz 35 mil bagels por semana em cada loja, enriquecidos por cream cheese artesanal. "Alimentação é arte, teatro, rock and roll", afirma.
Veículo: Valor Econômico