Vivian Ito
O cartão de crédito é um dos meios mais utilizados pela população brasileira para realizar pagamentos e nos últimos anos as operações de pagamento sem juros têm ganhado força. De acordo com a Análise da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), divulgado na sexta-feira, em junho, o saldo total dessa modalidade foi de R$ 102,8 bilhões, ou seja, 71,3% do saldo total dos gastos de cartões de crédito.
Apesar da queda mensal de 4,2% das operações à vista, a modalidade teve crescimento de 16,4% no ano e de 19,5% nos últimos 12 meses. O crédito parcelado também teve desaceleração com relação a maio, de 3,9%, mas aumento de 20,4% na comparação anual e em 12 meses. Já a modalidade do rotativo teve aumento de 0,4% no resultado mensal e de 21,3% no ano.
Para Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), o aumento do uso do crédito rotativo é reflexo da dificuldade que as famílias brasileiras estão tendo na hora de pagar suas dívidas. "Temos uma migração das pessoas do crédito à vista para outras modalidades, pois as pessoas estão com menos condições. Há uma diminuição de renda e já faz um tempo que não temos uma boa expectativa de criação de novos empregos", diz Tingas.
Nas transações com juros, a participação do parcelamento da fatura e da compra parcelada cresceram 21,3% no ano e representam 29% do total de transações com juros.
Ainda segundo os dados analisados pela Abecs, as operações de crédito do sistema financeiro atingiram R$ 2,8 trilhões em junho deste ano. O volume cresceu 0,9% na comparação mensal e 11,8% ante o mesmo período do ano passado.
O volume destinado a pessoas físicas, incluindo recursos livres e direcionados, foi de R$ 1,32 trilhão. Alta de 1% comparado com o mês anterior e 14,3%, ante junho do ano passado. Os cartões de crédito foram responsáveis por R$ 144,211 bilhões do total das operações de crédito, crescimento de 0,4% na comparação com o mês anterior e de 14,8% ante o mesmo período em 2013.
Os recursos livres destinados a pessoas físicas somaram R$ 1,32 trilhão no mês. Do total, 19% foram destinados a cartões de crédito dentro da modalidade.
Nos dados, também foi constatado que a inadimplência obtida em junho teve o mesmo índice de maio de 6,7%. Um dos menores índices obtidos da série histórica nos últimos dois anos. No mesmo período do ano passado, o valor foi de 7,3%.
Para o economista da Acrefi, mesmo com uma conjuntura econômica brasileira mais instável, os patamares devem ser mantido, sobretudo, pela relação que a população tem com o cartão de crédito.
"Além de ser muito importante para o pagamento de dívidas mensais, o parcelamento da fatura do cartão de crédito tem juros altos e, por isso, as famílias preferem realizar outros atrasos que não sejam o do cartão", afirma Nicola Tingas.
De acordo com o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, a utilização do cartão de crédito deve aumentar nos próximos meses e consequentemente haverá um crescimento do volume da carteira. "A tendência é que as receitas com serviços continuem crescendo no segundo semestre, principalmente com a utilização de cartões", afirma o presidente do Bradesco. No banco, o crescimento de volume com cartões cresceu 12,5% em 12 meses até junho.
Veículo: DCI