Rio de Janeiro - A aceleração dos preços de produtos e serviços ligados ao Dia dos Pais e a própria desaceleração da economia contribuíram para que a intenção de compras na data comemorativa diminuísse em 2014. De acordo a Fundação Getulio Vargas (FGV), apenas 3,9% dos consumidores pretendem gastar mais do que no ano passado, a menor fatia já observada em toda a pesquisa, realizada desde 2006.
Segundo o quesito especial, apurado na Sondagem do Consumidor de julho, 9,2% dos consumidores devem reduzir o montante de compras, enquanto 28,8% pretendem manter o orçamento destinado à compra de presentes para os pais.
Ambos os percentuais são menores do que no ano passado, mas a FGV destacou um grande aumento dos indecisos. Mais da metade (58,1%) dos consumidores disse não saber quanto pretendia gastar, fatia abaixo apenas de 2011 e acima dos 48,6% do ano passado. "A confiança está baixa, e há grande incerteza entre as famílias, relacionada principalmente ao mercado de trabalho, à taxa de juros e à inflação", avaliou a economista Viviane Seda, responsável pela sondagem da FGV.
O indicador de intenção de compras no Dia dos Pais atingiu 94,7 pontos, o menor patamar desde 2009 (92,5 pontos).
Recentemente, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) anunciou uma previsão de faturamento de R$ 4,4 bilhões no varejo devido à data comemorativa. O montante significa avanço de 4,3% nas vendas em relação a igual período do ano passado - o resultado mais baixo em dez anos.
"O ritmo mais fraco das vendas no próximo Dia dos Pais resultará principalmente do encarecimento do crédito", afirmou o economista da CNC Fabio Bentes. Segundo ele, além do custo mais elevado, a redução dos prazos para pagamento desde dezembro passado tem desestimulado a tomada de recursos.
Para a FGV, a inflação também está por trás do menor ímpeto de gastos. Itens que costumam aparecer na lista de presentes e comemorações ficaram 10,3% mais caros nos 12 meses até julho deste ano. No topo dos aumentos aparecem show musical (20,1%) e bares e lanchonetes (11,1%). Em igual período, os preços ao consumidor avançaram 6,9% em média. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG