O embargo russo em resposta às sanções comerciais impostas pela União Europeia e EUA devido ao conflito no leste da Ucrânia agravou os problemas dos fruticultores do Mediterrâneo, especialmente os produtores de pêssego e nectarina da Grécia e da Espanha.
Cerca de 10% das exportações de alimentos da União Europeia seguem para a Rússia. Em 2013, a Espanha foi a principal exportadora de frutas com caroço à Rússia, com vendas de € 75 milhões. A Grécia vendeu € 49 milhões nesse segmento.
As autoridades da União Europeia, no entanto, estão confiantes de que os fruticultores conseguirão encontrar novos mercados para vender as frutas, que correm o risco de apodrecer.
Boa parte desse otimismo decorre do exemplo da carne suína --uma das principais exportações da União Europeia à Rússia. As exportações de suínos à Rússia estavam bloqueadas desde o começo do ano; Moscou invocou o medo da gripe suína para proibi-las, mas os produtores europeus conseguiram encontrar novos destinos para a carne na Ásia, especialmente Coreia do Sul e Filipinas.
No ano passado, a União Europeia exportou bens agrícolas em valor de € 11,9 bilhões à Rússia, mas a UE calcula que só € 5,3 bilhões do total sejam afetados pela proibição. A carne respondeu por € 1,2 bilhão em exportações, e um quinto do volume tinha por origem a Alemanha.
A carne pode ser congelada e o abate de animais pode ser adiado. Já a Holanda e a Finlândia são os mais vulneráveis no setor de laticínios, no qual exportaram respectivamente € 257 milhões e € 253 milhões à Rússia em 2013.
Especialistas em agricultura dos 28 países-membros da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta quinta (14) para discutir de que maneira empregar as reservas de crise de € 420 milhões para ajudar os produtores.
BRASIL
A UE afirmou que não retaliará a Rússia com medidas equivalentes, mas disse que solicitará a países como Brasil, Chile e Turquia que não cubram a lacuna com a suspensão de exportações europeias à Rússia. O Brasil ampliou a venda de carne à Rússia após as sanções de EUA e Europa.
As autoridades, falando em foro privado, não parecem preocupadas com a possibilidade de que países importantes desviem exportações para a Rússia, já que qualquer reacomodação das rotas de comércio internacional criaria novos mercados para os exportadores europeus.
Veículo: Folha de S.Paulo