Inspiradas nas paletas mexicanas, marcas concorrem com gelaterias e começam a tirar espaço das redes de frozen iogurt
Erica Ribeiro
Depois da febre das redes de frozen iogurt, o candidato a assumir o posto neste verão é a paleteria, loja que oferece a paleta — típico picolé mexicano feito com frutas e muito recheio. Voltadas para o mercado premium, as paleterias terão como concorrentes diretos marcas como a Diletto e a Gelateria Parmalat. O preço médio de uma paleta varia de R$ 6 a R$ 8 a unidade.
Segundo Lyana Bittencourt, diretora do Grupo Bittencourt, consultoria especializada no desenvolvimento e expansão de redes de franquias, há uma demanda reprimida no Brasil por sorvetes premium e alguns empresários despertaram para as oportunidades nesse segmento. O brasileiro tem um consumo baixo de sorvete, em torno de 6,19 litros per capita ao ano, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Sorvetes (Abis). “Como todo negócio que começa a fazer sucesso, vemos a aparição de várias marcas concorrentes. O mercado brasileiro já conta com um bom número de paleterias como Helado Monterrey, Los Paleteros, Los Primos, Paleteria Los Hermanos, Muchachos Paleteria e Me Gusta, entre outras. Para manter o sucesso, terão que inovar sempre e se preparar para a concorrência pelo mercado local”, afirma Lyana.
Ela ressalta que, apesar de a concorrência principal ser com as gelaterias, pelo próprio perfil premium, há também uma disputa com grandes marcas da indústria alimentícia que passaram a lançar versões menores de embalagem e sabores especiais.
Lyana diz que a era dos sorvetes de iogurte pode não necessariamente acabar. “O que ocorre é que, assim como em outros mercados do franchising, com o tempo, passa a existir uma seleção natural dos melhores negócios. Perpetuam aqueles que conseguem criar diferenciais e encantar seus consumidores”, diz.
Sergio Molinari, sócio-diretor de Foodservice da GS&MD – Gouvêa de Souza, alerta que a segmentação de mercado é uma tendência irreversível em mercados em crescimento, puxados por consumidores com aumento de renda, curiosidade e estímulo ao consumo.
“Há duas situações ocorrendo que impulsionam ainda mais fenômenos como o das paleterias, que são o interesse por produtos gourmet e a preocupação e busca crescente por saudabilidade. O segredo de sucesso delas virá da sensível ligação com o que quer o consumidor”, ressalta.
A Los Paleteros, do Paraná, é uma das empresas que vem crescendo sua participação no mercado. A marca tem 42 unidades em funcionamento com um ano e meio de atividade. O objetivo é fechar 2014 com 60 lojas e faturamento de R$ 55 milhões. Sócio fundador, Gean Chu, que até então trabalhava na área de tecnologia, resolveu investir nesse mercado, com foco em produtos naturais. O público alvo da Los Paleteros é o consumidor dos 16 aos 35 anos. Chu diz que, passada a barreira inicial de compreensão do cliente sobre o que é uma paleta, o trabalho ficou mais fácil.
“Nossa empresa fica na cidade de Barracão, no Paraná,onde produziremos, até o final do ano, dois milhões de paletas. É nessa cidade que mantemos nossa franqueadora e nossa principal fábrica, que atende a toda a rede da Los Paleteros. A proximidade com outros países do Mercosul nos ajuda na importação de insumos como frutas e laticínios. Nosso objetivo agora é aumentar nossa presença no Sudeste e Centro-Oeste ainda esse ano”, prevê.
Na região Nordeste, quem domina as paletas é a Helado Monterrey. Fundada em setembro de 2013, a Helado Monterrey obteve bons resultados nos últimos meses. No primeiro semestre deste ano vendeu 1 milhão de picolés e a expectativa é fechar 2014, com cerca de 5 milhões de paletas vendidas. A média de preço é de R$ 6 a R$ 8, dependendo do tipo do picolé, e o faturamento mensal é de R$ 1,5 milhão. Hoje, a Helado tem mais de quatro mil interessados na franquia e 500 são candidatos potenciais já cadastrados. A empresa fabrica mais de 80 mil paletas por dia.“Agora que estamos consolidados no Nordeste, queremos expandir nosso negócio para outros estados ”, diz Pablo Rocha, fundador da marca.
Veículo: Brasil Econômico