O mau momento da economia brasileira já está alterando a relação dos mineiros com o próprio dinheiro. Em agosto, 81,3% afirmaram planejar os gastos e 18,6% admitiram não fazer o mesmo. Em julho, a proporção era de 67,3% que programavam para 32,5% que deixavam os gastos correrem soltos. Os dados foram divulgados na sexta-feira pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas).
Segundo o analista de Economia da Fecomércio Juan Moreno de Deus, essa mudança do comportamento do consumidor está diretamente ligada ao atual cenário econômico. Entram nessa lista o baixo crescimento econômico; o risco maior do desemprego; as altas taxas de juros; a maior dificuldade de se conseguir os créditos; e a inflação, que corrói o poder de compra da população. "Os consumidores estão cautelosos porque não querem se endividar. E o nível de endividamento já está um pouco mais alto", afirma.
Com as contas na ponta do lápis, mais pessoas conseguem fazer reserva de recursos. Pelo menos para 52,5% dos ouvidos pela pesquisa é possível planejar o orçamento familiar de modo a sobrar algum recurso. Outros 45,1% até pagam as contas em dia mas não conseguem sobras. A minoria, 2,4%, admite depender de financiamentos para cobrir os gastos todos os meses.
Como mais pessoas estão se planejando, 74,1% dos entrevistados disseram não realizarem compras por impulso. Apenas 25,9% admitem cair nesse tipo de tentação. Dessa forma, a maior parte do orçamento está sendo ocupado com o básico.
A água é a despesa corrente que mais pesa para 27,6% dos entrevistados. Para 18,3% a energia elétrica é o maior gasto. Em seguida, vem alimentação, com 14,7%; seguida pelo telefone fixo, com 7,5%. A escola tem peso para 6,5% dos ouvidos. O lazer ficou com um percentual de apenas 1,3%. "Quando o cenário econômico está desfavorável grande parte do orçamento é voltado para o básico, sem espaço para os supérfluos", afirma.
Mas o analista de economia acredita que essa realidade deverá ser alterada nos próximos meses em decorrência da proximidade de datas importantes como o Natal e Dia das Crianças. Pelo apelo emocional que elas possuem, acabam alterando um pouco o comportamento dos consumidores que abrem uma exceção para compra de presentes.
Veículo: Diário do Comércio - MG