No Estado, sete empresas foram consideradas aptas à exportação
Duas das cadeias produtivas que mais têm vislumbrado o mercado internacional, a leiteira e da pecuária de corte, ganharam mais um parceiro no comércio exterior. Na semana passada, o governo cubano incluiu 37 indústrias brasileiras na relação de habilitadas ao comércio de carne bovina e láctea com o país caribenho. Destas, sete são do Rio Grande do Sul.
No corte bovino, entraram três unidades do Marfrig localizadas em Bagé, Alegrete e São Gabriel, além da Pampeano Alimentos, de Hulha Negra, do mesmo grupo. Já as indústrias lácteas autorizadas são três: CCGL, de Cruz Alta; Nestlé, de Carazinho, e BRF, de Teutônia. Com a liberação recente, chega a 85 o número de companhias capacitadas: 45 de carne bovina e 40 de produtos lácteos.
Embora não seja tradicional parceiro em nenhum dos dois segmentos, Cuba importou mais de 47 milhões de quilos de carne do Brasil no ano passado, movimentando US$ 61 milhões, de acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em 2013, não houve comercialização de lácteos do Brasil para o país. Neste ano, foram exportados 34 milhões de quilos de carne (totalizando US$ 36,83 milhões) e 2 milhões de quilos de produtos lácteos (US$ 9,84 milhões).
Para a CCGL, a habilitação é um sinal positivo. A empresa, que já exporta para América Latina e África, está cada vez mais atenta aos parceiros estrangeiros. De acordo com a gerente comercial Michele Muccilo, a empresa participou da missão mais recente do governo cubano, realizada neste ano (outra havia sido realizada em 2006, período em que a CCGL não estava inaugurada). “O mercado cubano tem um único importador que é o governo, mas é um mercado em potencial”, diz.
Com produção de 3,5 mil toneladas de leite em pó por mês, a CCGL deve dobrar a produtividade a partir de agosto do próximo ano, impulsionando ainda mais a busca de parceiros estrangeiros. “A CCGL tem uma planta moderna, com alta tecnologia e programas de qualidade implementados”, sacramenta, destacando que a habilitação específica de empresas por parte do governo cubano comprova que a indústria atende aos critérios de qualidade internacionais.
Jorge Rodrigues, presidente da Comissão do Leite da Farsul, concorda com a perspectiva positiva decorrente da decisão. “É importante para o setor, porque é mais um destino para o qual estamos nos habilitando”, pontua. O potencial do mercado ainda não está claro, nem para a entidade e nem para o Ministério da Agricultura, que não apresentou perspectivas de negócios que podem ser geradas a partir das habilitações conquistadas. Ainda assim, firma uma tendência crescente na cadeia láctea.
“Estamos buscando credenciar mercados. Com a criação da Aliança Láctea Sul, temos justamente esse foco”, reforça Rodrigues. Ele sinaliza que o momento é de negociações, e que elas devem favorecer, sobretudo, indústrias que produzem leite em pó. “Hoje, qualquer volume que conseguirmos exportar vai ser benéfico”, afirma. Além do mais, a autorização concedida às empresas comprova a qualidade dos produtos lácteos brasileiros, acrescenta Rodrigues.
Já para o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, o potencial de negócios é incerto. “Não me entusiasmo. É mais um mercado, mas quem será que vai pagar essa conta?”, sustenta, questionando a capacidade de pagamento do país caribenho. O cenário internacional está favorável para a comercialização da carne brasileira, avalia, elencando que o efetivo americano e argentino reduziram, e a Austrália enfrenta seca, enquanto o Brasil se estabiliza. “Hoje, estamos vendo demanda crescente positiva. Os preços pagos são entusiasmantes em função de uma demanda mundial.” Exportando 20% da produção, o Brasil não deve contabilizar resultados tão empolgantes com as vendas para Cuba, prevê. “O Brasil deve pagar proteções”, critica. “Cuba poderá ter um bom potencial no dia em que liberarem o regime deles. No futuro poderá ser um belo parceiro.”
Veículo: Jornal do Comércio - RS