A Souza Cruz obteve lucro líquido de R$ 1,249 bilhões em 2008. O valor ficou 20,9% acima dos R$ 1,033 bilhões apurados em 2007. A receita líquida de vendas atingiu R$ 5,301 bilhões, 9,4% a mais que em 2007, quando se situou em R$ 4,847 bilhões. Segundo a empresa, a elevação foi reflexo do melhor desempenho das marcas de cigarro no segmento Premium e dos maiores preços praticados durante o ano.
As demonstrações financeiras divulgadas ontem pela companhia já foram elaboradas de acordo com os requerimentos previstos pelas normas internacionais de contabilidade (International Financial Reporting Standards-IFRS). Desse modo, os resultados foram calculados com bases diferentes daquelas usadas em balanços anteriores. Os dados de 2007, no entanto, foram atualizados para o novo padrão, a fim de possibilitarem a comparação.
No ano, a companhia vendeu 78,6 bilhões de cigarros, praticamente em linha com os 78,8 bilhões comercializados em 2007. Este desempenho, de acordo com a Souza Cruz, "deve ser considerado excelente dado o crescimento no preço médio dos cigarros em cerca de 11% para compensar o aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em 2007, e a queda de 2,3% do mercado total brasileiro de cigarros em 2008".
A participação da empresa no merca alcançou 62,1%, com 1,2 ponto percentual de crescimento em relação a 2007.
A empresa contribuiu para o lucro líquido do ano o aumento nas exportações de fumo, que totalizaram 127,8 mil toneladas, expansão de 5,6% sobre o ano precedente. Uma das principais causas apontadas pela empresa foi a demanda internacional pelo fumo de qualidade produzido no Brasil. Os preços médios em dólar foram 32,2% superiores aos vigentes em 2007.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos sobre a renda, depreciação e amortização) da companhia atingiu R$ 1,739 bilhões em 2008, que correspondem a um crescimento de 21,6% em relação a 2007. A margem Ebitda ficou em 33%, ante os 30% do ano anterior. A geração de caixa operacional, que continua sendo a principal fonte de recursos da Souza Cruz, atingiu R$ 1,621 bilhão em 2008, alta de 43,2% ante o ano anterior. O aumento de 22,5% no lucro operacional e a redução das necessidades de capital de giro foram, segundo a empresa, os principais fatores para essa elevação.
Em mensagem aos acionistas, o presidente da empresa, Dante João Letti, afirmou que, em 2008, a Souza Cruz criou iniciativas alinhadas à visão de liderar o mercado brasileiro de produtos de tabaco, assegurando, ainda, negócios sustentáveis.
Ele destacou o lançamento do programa "Construindo nossa Sustentabilidade", a criação de novas versões de marcas já consolidadas e o estreitamento de relações da empresa com os varejistas, com investimento em parcerias de longo prazo. A companhia fechou 2008 com montante de investimentos pouco maior que o de 2007, apesar da crise. No ano passado, foram investidos R$ 198 milhões, contra R$ 195 milhões no ano anterior. Eles foram aplicados, sobretudo, na modernização do parque industrial da empresa e em projetos para atualização de processos, da frota de veículos e da plataforma tecnológica.
No relatório, a companhia destacou, entre os projetos contemplados, o novo parque gráfico de Cachoeirinhas (RS), a compra de novos veículos para atender a expansão da distribuição direta de produtos e a atualização do sistema integrado de processamento de dados SAP.
A maior concentração de investimentos foi em máquinas e equipamentos, com 35% do valor total, seguidos por edifícios, que ficaram com 23%. Os tributos sobre vendas da empresa - que está entre as dez maiores contribuintes do País - foram a R$ 5,745 bilhões, valor 12,4% maior que o apurado em 2007.
No ano, foram comercializados, por todas as empresas do setor, 126,5 bilhões de unidades de cigarros, redução de 2,3% ante 2007. Em seu balanço, a Souza Cruz explica que a redução decorreu principalmente dos aumentos de preços dos cigarros promovidos pelas empresas, a fim de compensar a elevação média de 30% das alíquotas do IPI, ocorrida em julho de 2007.
Conforme a empresa, apesar do que considerou como progresso obtido pelas autoridades brasileiras, segundo dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil o mercado ilegal de cigarros no Páis, que inclui contrabando e comercialização sem o pagamento de tributos, ainda representa cerca de 28% do mercado brasileiro de cigarros.
Para a Souza Cruz, a carga tributária sobre a produção e venda de cigarros continua sendo o principal fator de incentivo à comercialização informal do produto no Brasil. A Souza cruz diz no relatório que o governo federal vem tomando diversas medidas de combate às atividades ilegais, como maior fiscalização, a implantação da nota fiscal eletrônica e a adoção do Sistema de Controle e Rastreamento da Produção de Cigarros (Scorpios).
Estimativas da Receita Federal do Brasil mostram que a perda de arrecadação no setor é superior a R$ 1 bilhão por ano".
Veículo: Jornal do Commercio - RJ