Setor carece de mão de obra qualificada. Demanda só deve ser suprida em 2020, já cursos nos estado estão formando primeiras turmas
Com salários que começam com R$ 1,2 mil para nível técnico, e que variam entre R$ 8 mil e R$ 20 mil em cargos gerenciais, o setor de logística está se tornando a maior promessa do mercado de trabalho pernambucano. Isto porque, em todos os níveis da cadeia, há escassez de mão de obra, principalmente nos dois principais polos de desenvolvimento do estado: Suape e Goiana. A falta de pessoal qualificado incentiva, inclusive, a entrada de profissionais de outros estados no mercado local, o que encarece ainda mais os custos das empresas instaladas aqui. Dados da Associação Nordestina de Logística (Anelog) indicam que as indústrias pernambucanas já gastam 30% do faturamento com logística, valor bem acima dos 12% da média nacional.
Segundo o professor da MBA de logística da Faculdade Boa Viagem (FBV), Marcílio Cunha, o déficit de profissionais em Pernambuco só começará a ser suprido em 2020. A previsão leva em conta a proliferação dos cursos que foram lançados do estado nos últimos três anos. Atualmente, 18 instituições de ensino locais oferecem a graduação, especialização ou o técnico de logística entre elas a FBV, UPE, UFPE, Unicap, Etepam, Senac e Senai. A maioria das entidades está formando suas primeiras turmas neste ano.
“O maior problema é que mesmo os profissionais que estão sendo formados agora ainda chegarão no mercado de trabalho sem experiência e não vão suprir de imediato às necessidades das empresas. Contudo, quem estiver interessado, pode começar a se preparar agora, que terá grandes chances de ser absorvido pelo mercado”, detalha Cunha. Ele ressalta que para trabalhar na área, é necessário ter jogo de cintura, organização, capacidade de planejamento, visão estratégica, mente analítica e liderança. “A principal característica é ser dinâmico. Tem que ter raciocínio rápido”, completa.
O funcionário público Marcondes Santos, 47, vê tantas perspectivas no setor que pensa até em desistir da carreira pública para, no futuro, investir em uma empresa especializada na área. O primeiro passo, ele já deu. Está inscrito no curso técnico de logística do Senac. “É uma grande oportunidade para os pernambucanos, porque o estado está recebendo muitas indústrias e a logística está presente em todas as etapas de funcionamento destas empresas. A Fiat, por exemplo, vai precisar de muita gente neste setor. Sei que o curso vai agregar valor à minha carreira e, mais para frente, poderei até abrir meu próprio negócio”, detalha.
Para Fernando Trigueiro, presidente da Anelog e coordenador do MBA de logística da UPE, o setor deverá continuar crescendo por muitas décadas, principalmente após a conclusão das obras da Transnordestina e do Arco Metropolitano. “A proliferação dos cursos não é um modismo. É uma necessidade. Quem está estudando vai encontrar oportunidades no mercado. É preciso, antes de tudo, analisar a qualidade do curso porque a teoria é 50% da formação”, planeja
Antônio Jacarandá, vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado de Pernambuco , ressalta que a contratação de pessoas não qualificadas também aumenta os custos de logística em Pernambuco. “A logística serve para que a empresa tenha a organização, armazenamento e distribuição de seus produtos da forma mais eficiente possível, reduzindo desperdícios e gastos desnecessários. Quando a indústria tem um profissional não qualificado na área, ao invés de economizar, pode até gastar mais. A produtividade cai.”
Veículo: Diário de Pernambuco