A Cooperativa Agroindustrial de Cacau Fino (CooperBahia) deverá iniciar ainda este ano a produção de líquor (massa de cacau obtida a partir do processamento da amêndoa) em escala comercial. É a primeira fábrica voltada apenas ao produto de melhor qualidade, no sul da Bahia. Atualmente, a unidade industrial opera de forma experimental, diz o diretor-presidente da cooperativa, Edgard Teles.
A ideia de criar a cooperativa surgiu há oito anos, mas ela só foi constituída oficialmente em julho de 2011, para oferecer matéria-prima à produção de chocolates gourmet. Segundo Teles, um chocolate gourmet se caracteriza por conter teores acima de 35% e 40% de cacau.
Formada por 12 produtores associados de cacau fino, a CooperBahia é dona de uma fábrica de processamento de cacau em Ibirapitanga, no sul da Bahia. No processo de produção do líquor, a matéria-prima é processada e higienizada para retirar características indesejáveis na fabricação de chocolate gourmet, explica Teles.
A unidade está em operação experimental desde fevereiro deste ano. Atualmente, são realizados ajustes de equipamentos e especificações do líquor a ser produzido. Os investimentos na fábrica somaram R$ 15 milhões, a maior parte bancada pelos próprios associados e, outra, financiada pelo Programa de Sustentação do Investimento (PSI, do BNDES).
Atualmente, na região, há apenas unidades de processamento para o cacau commodity e outras iniciativas mais artesanais, segundo o presidente da CooperBahia.
Conforme Teles, ainda não há "base consistente" de volume que está sendo produzido experimentalmente, mas a expectativa é que a fábrica inicie sua produção com dois terços da capacidade nominal - que é de 1,6 mil toneladas de líquor por ano, o equivalente ao processamento de mais de 2 mil toneladas da amêndoa.
A cooperativa pretende vender esse líquor a empresas que produzem chocolates de qualidade superior. A brasileira Harald compra os volumes produzidos de forma experimental pela CooperBahia.
Os preços do líquor feito a partir de cacau fino também são mais altos que os produzidos com o cacau commodity. De acordo com Teles, a variação de preço é grande, mas, o produto vale, em média, duas vezes mais que o convencional. A cooperativa não comercializa a amêndoa de cacau (matéria-prima), apenas o líquor.
Com o apelo de produzir cacau de maior valor agregado, o presidente da cooperativa baiana se rendeu à produção de cacau fino, iniciada recentemente, depois de cultivar o produto commodity por mais de 30 anos.
Para ser classificado como cacau fino, a amêndoa tem de apresentar algumas características sensoriais, como aroma e sabor. Para serem obtidas, há vários critérios que vão desde a escolha de frutos, a colheita no ponto ideal de maturação até o processamento adequado, com as etapas de fermentação e secagem.
Veículo: Valor Econômico