Por Cibelle Bouças | De São Paulo
A grife de moda feminina MOB reestruturou sua operação neste ano após ter fechado 2013 com prejuízo e queda em vendas. A companhia, comandada por Marcelo Dib Elias, decidiu reforçar os negócios de atacado e retomar a produção própria, com uma fábrica inaugurada em setembro em Santo Amaro, bairro da zona sul de São Paulo.
O valor investido na unidade é mantido em sigilo pela companhia. Elias disse apenas que usou 70% de recursos próprios e 30% de financiamento bancário. De acordo com o executivo, a meta é fabricar em casa 30% de seus produtos no prazo de dois anos. Para o primeiro ano de operação, a estimativa é que 10% dos produtos sejam fabricados internamente.
Antes da instalação da fábrica, a MOB contratava empresas no Brasil para a confecção das peças e importava a outra metade, principalmente da Índia e da China. A companhia também contratava empresas na Ásia para a fabricação de tecidos, com estampas desenvolvidas pela MOB.
Elias contou que a marca trabalhou com a fabricação própria entre 1986 e 2001, quando partiu para a terceirização, seguindo a tendência do setor têxtil na época. Agora, a companhia vê na retomada da produção uma possibilidade de incrementar a margem de lucro, apesar do aumento dos custos. "A terceirização funciona bem para companhias gigantes de moda, mas para quem trabalha com volumes menores, o custo por peça não é tão vantajoso. E com a desvalorização do real ficou mais difícil importar", afirmou o executivo.
Elias disse que 2013 foi um ano difícil para a companhia e, pela primeira vez, a MOB teve prejuízo. No ano passado, a empresa abriu oito lojas e viu as vendas apresentarem um desempenho mais fraco, com custos mais elevados. Elias e o sócio, Ângelo Campos, decidiram reestruturar o negócio. A administração da empresa, que era dividida em dois escritórios no Itaim Bibi, zona sul da capital, foram concentradas em um único endereço para reduzir custos.
A unidade de pronta-entrega, também localizada no Itaim, foi transformada em showroom para atendimento a outras redes varejistas. "Durante muito tempo funcionou bem ter uma pronta-entrega. Mas o showroom dá visibilidade às peças e permite ampliar as vendas, principalmente para lojas de menor porte", afirmou.
Neste ano, segundo o executivo, as vendas para outras redes aumentaram 25% em relação ao ano passado. A MOB ampliou a lista de clientes varejistas de 280 para 400 pontos de venda. Elias estima que, até 2016, a receita com o atacado vai dobrar em relação à receita deste ano e a área de atacado passará a responder por metade da receita da companhia.
Na área de varejo, as vendas da companhia aumentaram 11% neste ano em relação a 2013. A empresa opera com 30 lojas da marca MOB, das quais três são franquias. A companhia não abriu lojas neste ano, mas planeja inaugurar pelo menos quatro unidades próprias em 2015.
"Neste momento já fechamos com o ParkShopping São Caetano e com o Iguatemi Fortaleza para abrir lojas no início de 2015", disse Elias. As unidades vão funcionar em São Caetano do Sul (SP) e Fortaleza. A MOB também avalia outras praças, como Belém e João Pessoa. O investimento em mais unidades, segundo o executivo, vai depender do avanço do cenário macroeconômico.
Aproximadamente um terço da receita da MOB é obtida com a venda de tecidos para outras companhias de moda. Os outros dois terços vêm das vendas de roupas femininas, feitas nas 30 lojas da rede MOB e em redes multimarcas.
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) projeta para 2014 queda de 3% na produção do setor têxtil em relação a 2013 e uma pequena melhora em 2015, mas insuficiente para recuperar a perda deste ano.
Veículo: Valor Econômico