A taxa de desemprego no país ficou estagnada em 6,8% na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi ligeiramente menor que o registrado no mesmo período do ano passado, quando a taxa de desocupação foi de 6,9%. "A geração de vagas, entretanto, está desacelerando, reflexo de um longo período de baixo crescimento econômico", afirmou o economista Rafael Bacciotti, analista da Tendências Consultoria Integrada.
O mercado de trabalho criou 217 mil novas vagas no terceiro trimestre, mas houve piora na qualidade do emprego. O número de postos de trabalho com carteira assinada no setor privado recuou pela primeira na pesquisa, iniciada em 2012. A queda equivale à extinção de 227 mil empregos formais, sendo a região Sudeste responsável por 84% dessas vagas eliminadas. "Isso chama atenção porque 52% do emprego com carteira vêm do Sudeste", apontou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
O emprego sem carteira também diminuiu no período: 61 mil empregados informais a menos. Houve migração para o trabalho por conta própria, que recebeu mais 395 mil pessoas no período. Embora o trabalho por conta própria seja tido como mais precário, Azeredo afirma não ser possível definir ainda qual o perfil desses trabalhadores atualmente, se estão ganhando menos ou se preferiram constituir pessoa jurídica.
Inativos - Em relação ao terceiro trimestre de 2013, entretanto, o emprego com carteira assinada aumentou 2,9%, com 1,017 milhão de vagas formais a mais em um ano. A inatividade acompanhou o salto. O total de inativos no país aumentou 2,8%, com a saída de 1,758 milhão da força de trabalho. O movimento tem se dado de forma mais intensa na região Sudeste, onde ficam três das seis regiões metropolitanas que integram a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE.
O Sudeste foi responsável por 77% desse contingente que deixou o mercado de trabalho no terceiro trimestre. Para especialistas, o aumento da inatividade na região tem sido causado por uma atividade econômica local mais fraca em comparação à de outras regiões. No Nordeste, cuja economia tem crescido de forma mais rápida, o número de inativos até diminuiu.
"Esse movimento mais intenso (de aumento da inatividade) no Sudeste tem a ver com uma atividade econômica mais fraca na região. Isso pode estar relacionado com o fato de o Sudeste ter uma concentração maior da indústria", avaliou o economista Bruno Campos, da LCA Consultoria Integrada.
A taxa de desemprego na região Sudeste permaneceu em 6,9% na passagem do segundo para o terceiro trimestre. Houve ligeira redução na população ocupada no período, 55 mil vagas cortadas, enquanto a população desocupada teve pequeno aumento, com duas mil pessoas a mais na fila do desemprego. A taxa de desemprego manteve-se estável na região por causa do aumento da inatividade: 316 mil pessoas deixaram a força de trabalho. O Sudeste concentra 42% de toda a população não economicamente ativa do país. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG