Lojas do segmento relatam, inclusive, a contratação de novos colaboradores para dar conta da demanda
Os incentivos por parte da Prefeitura de Fortaleza em relação ao uso de bicicletas na Capital têm aquecido o comércio do equipamento nas lojas especializadas. Segundo comerciantes do setor, com o aumento de ciclistas na cidade, já é possível mensurar um crescimento de até 30% nas vendas do meio de transporte.
No Centro, por exemplo, lojas do segmento localizadas na Rua São Paulo relatam, inclusive, a contratação de novos colaboradores para dar conta da demanda. É o que afirma o proprietário da Ciclo Peres, Edilson Teles. "Em outubro, cheguei a acrescentar três funcionários ao quadro e eles permaneceram até janeiro. Esses meses são melhores ainda para nós", comemora.
Outra loja que comemora a procura de bicicletas em comparação com o cenário antecessor ao da implantação das ciclofaixas é a Mega Bike, também com acréscimo de 30% nas vendas, diz a gerente, Emanoela Bastos.
Todos os bolsos
Na lojas pesquisadas, o valor das bicicletas varia entre R$ 240 e R$ 2,6 mil. As mais baratas são feitas de ferro e não possuem marchas, enquanto as mais caras são feitas com alumínio, têm marchas e outros incrementos.
Atualmente, é possível até mesmo montar a própria bicicleta. É a proposta da loja Random Ciclo, que disponibiliza um profissional para personalizar o veículo de acordo com as preferências e necessidades do cliente.
Peças incrementam
Se a alta no faturamento acontece por uma mudança de comportamento daqueles que nunca haviam pedalado anteriormente, o setor comemora ainda o número de manutenções nas bicicletas antes deixadas de lado e agora em reutilização. O incremento nas vendas aconteceu não somente nas peças, mas também nos equipamentos de segurança, como capacetes, luvas, retrovisores e selim de gel. "Conversando com consumidores, notamos um aumento na procura daqueles que tinham bicicleta, mas viviam com ela parada. Agora elas sentem mais segurança, pois existe local apropriado", declara o proprietário da Random Ciclo, Álvaro Timbó.
Baixa manutenção
Ao defender um movimento crescente que promove a troca de carros por bicicletas para circular em Fortaleza, o presidente da Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza (Ciclovida), Celso Sakuraba, afirma que é baixo o custo para manter uma bicicleta. "Costumamos recomendar, para uso urbano, bicicletas com custo médio de R$ 800 a R$ 1 mil. Abaixo disso, é possível que o ciclista tenha pouca qualidade e acabe precisando desembolsar mais na hora de manter", recomenda. Ele aconselha ainda aos que não saibam fazer a própria manutenção, que realizem uma revisão a cada três meses, o que pode custar de R$ 30 a R$ 40.
Mudança de perfil
Ainda de acordo com empresários, é notável a mudança de perfil dos consumidores anteriores em comparação com os atuais. Segundo eles, mais casais estão chegando e comprando bicicletas, o que não acontecia antes, já que os consumidores eram formados pelo público masculino em sua maioria.
Para Emanoela Bastos, antes, a procura da maioria dos clientes acontecia devido às necessidades de locomoção para o trabalho. Atualmente, o público se expandiu para jovens com a finalidade de realizar passeios.
Na avaliação de Sakuraba, o crescimento no número de ciclistas pode ser notado entre pessoas de classe média. "A percepção que nós temos é que tem aumentado a quantidade de usuários de bicicleta nos bairros Aldeota e Meireles, ou seja, por parte da classe média. Nas periferias, acreditamos que o uso continue sendo o mesmo", conclui.
Veículo: Diário do Nordeste