Representantes da cadeia citrícola querem apoio da ministra Kátia Abreu para negociações de taxas de importação e fomento de demanda doméstica; doenças ainda afetam lavouras do setor
Em função da estiagem, a citricultura deve registrar quebra de pelo menos 30% na temporada de 2014/2015. Em meio à entressafra, os preços dos contratos com a indústria de suco estão abaixo do mínimo e, para o setor, uma saída é expandir em vendas nos mercados interno e externo.
Na última semana, representantes do setor se reuniram com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, junto a outras cadeias de frutas, para apresentarem os pleitos dos respectivos segmentos. Em relação às laranjas, o diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBr), Ibiapaba Netto, conta que dentre as principais solicitações estavam o fomento à demanda doméstica e apoio do ministério nas negociações de taxas de importação.
Mercado
Para o executivo, o mercado brasileiro tem um grande potencial de consumo de suco de laranja e o aumento na demanda seria positivo tanto para a indústria quanto para os produtores rurais.
"Precisamos de incentivo ao consumo de suco 100% [da fruta], coisa que algumas marcas como a Del Valle já estão fazendo, ou uma ação que diferencie o néctar de um suco integralmente da fruta. Ainda não temos certeza do que pode ser feito, mas precisamos discutir e buscar saídas", afirma Netto.
No mercado internacional, as tarifas de importação são o maior entrave para as exportações. Nos Estados Unidos, por exemplo, o setor paga cerca de US$ 415 por tonelada só para ter acesso ao mercado. Considerando o volume de 150 mil toneladas embarcadas anualmente ao país, em torno de US$ 62,25 milhões deixam de entrar nas empresas brasileiras em função do tributo. A questão tarifária também prejudica as vendas de suco para a Europa e países asiáticos, como Japão e Coreia do Sul.
"Precisamos de uma mediação mais intensa do Ministério, entre nós e os importadores", enfatiza o diretor.
Fomento
Em vista destes problemas lá fora, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) assinam amanhã (27) uma parceria para promoção das frutas nacionais. O investimento inicial é de R$ 5,2 milhões, com foco em ações nos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Alemanha, Reino Unido, Espanha, Hong Kong, França e Rússia.
Produção
Por detrás das questões comerciais, o presidente da Câmara Setorial da Laranja, Marco Antônio dos Santos, diz que a situação das lavouras não é das melhores. "Até o momento, estimamos quebra de 30% pelos prejuízos que a estiagem deixou. Só teremos informações mais concretas em meados de março, mas a perspectiva é essa", diz.
Segundo Santos, os produtores querem reajuste do preço mínimo, pois a baixa remuneração ainda dificulta o controle de doenças na lavoura. O valor estabelecido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de R$ 11,45 por caixa de 40,8 quilos, porém, o produto é comercializado para a indústria entre R$ 10 e R$ 11.
Devido à entressafra, os preços para o mercado in natura mostram recuperação, praticados entre R$ 14 e R$ 15, mas ainda estão cerca de 20% menores quando comparados ao mesmo período de 2014. Na avaliação dos pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a baixa oferta de frutos de qualidade é que o tem sustentado os preços nestes patamares, visto que, no decorrer de 2014, os valores praticados chegaram a ficar abaixo de R$ 10.
"Certamente precisamos de subsídios do governo neste ano. Houve uma melhora mas muitos produtores não têm laranja no pé", afirma Santos.
Veículo: DCI