O comércio varejista de Belo Horizonte registrou em 2014 o menor volume de vendas dos últimos 12 anos, segundo 69% dos lojistas. Esse cenário, somado a projeções nada animadoras para este exercício, fez com que, pela primeira vez desde 2000, os estabelecimentos começassem a reduzir o quadro de funcionários na Capital, comprovando o encolhimento visível da atividade no principal mercado de Minas Gerais.
Segundo pesquisa divulgada ontem pelo Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte (Sindilojas BH), apenas 31% dos entrevistados na Capital registraram crescimento nas vendas em 2014 frente a 2013. Desse percentual, 29% contabilizaram alta de, no máximo, 10%. Já entre os 69% que sofreram com a retração, 38% perceberam queda entre 1% e 10%, enquanto os 31% restantes tiveram rombos na casa dos dois dígitos.
"Nós vimos que 2014 foi o pior exercício em termos de vendas dos últimos 12 anos. Todo mundo já sabe que houve baixo crescimento econômico e alta no índice de endividamento. Mas outros fatores agravaram isso", afirma o presidente do sindicato, Nadim Donato Filho.
E entre as justificativas para o baixo crescimento do ano passado, uma que se destacou foi a Copa do Mundo. Durante o evento esportivo, 87% dos lojistas entrevistados tiveram perdas. Desse total, 33% apresentaram quedas de até 10%. Os 54% restantes sentiram um baque superior a 11%. Mas entre os 13% que conseguiram faturar no período, a alta foi mais tímida, inferior aos 10%.
Porém, as eleições tiveram reflexo mais negativo do que a Copa do Mundo sobre o comércio. Para se ter uma ideia, a redução das vendas durante o período da competição, comparada com o exercício anterior, foi sentida por 81% dos estabelecimentos comerciais. Donato explica que isso ocorreu durante o pleito porque abalou a confiança dos consumidores.
Black Friday- Outro indicador que impactou os resultados do setor foi a Black Friday, a megaliquidação realizada no fim do ano passado. Apesar de ser uma estratégia para aumentar as vendas, por ter acontecido antes do Natal, ela acabou reduzindo o faturamento durante a melhor época para o setor.
"O problema é que nem todos os lojistas participaram da promoção e as vendas foram a preços mais baixos. Então, na fase que deveria ser a melhor de vendas, as margens acabaram sendo prejudicadas", afirma o dirigente. Tanto que para 81% dos entrevistados o Natal foi pior em vendas do que o do exercício anterior.
O resultado já está sendo sentido no mercado de trabalho. Em 2014, 88% dos empresários não aumentaram o quadro de temporários. E entre os que contrataram, 70% optaram por não efetivá-los.
Pior do que simplesmente não contratar temporários, as empresas do setor já começaram a demitir. "O ano começou morno e em termos de nível de emprego o comércio colocou o pé no freio. a primeira vez, desde o ano de 2000, que o setor convive com baixa nos postos de trabalho", afirma.
Na tentativa de reverter o quado, os empresário começaram o ano com liquidações para desovar o estoque. Porém, com vendas baixas, o grau de confiança regular, baixo e muito baixo foi a resposta dada por 93% dos entrevistados, o que revela um quadro pouco promissor.
Veículo: Diário do Comércio - MG