Em relação a janeiro de 2014, alta é de 12%, contra apenas 7,13% da inflação
O litro do açaí ficou, em media, 10% mais caro neste início de ano, em Belém, segundo apontam os levantamentos feitos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA). A pesquisa mostra que o açaí do tipo médio (que apresenta de 11% a 14% de sólidos totais e tem a aparência densa) registrou o maior reajuste na virada de dezembro do ano passado para janeiro deste ano, com alta de 11,02%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a alta no preço do fruto batido chega a 12%, sendo que a inflação oficial calculada para o mesmo período foi de 7,13%. Os demais tipos, grosso e papa, também apresentaram expansão de preços no mesmo período, de 7% e 10%, respectivamente.
Ainda de acordo com o Dieese-PA, a trajetória no preço do litro do açaí comercializado na Grande Belém, nos últimos doze meses, não foi uniforme. O açaí do tipo médio, que é o mais demandado pelo consumidor paraense, em janeiro do ano passado custava, em média, R$ 14,56. Já no final do mesmo ano, o litro do produto de igual densidade estava sendo comercializado, em média, por R$ 14,70. No mês passado, o açaí foi encontrado, em média, a R$ 16,32 o litro. De acordo com o supervisor técnico do Dieese-PA, Roberto Sena, os preços do litro de açaí são muitos diferenciados em função dos vários locais de venda. “Existem diferenças significativas de preços entre as várias feiras e pontos de vendas espalhados pela cidade, bem como entre os supermercados que comercializam o produto”, explicou.
A consecutiva alta nos preços do litro do açaí tem provocado uma mudança no hábito de consumo do produto. Pelo menos é o que afirma a agente administrativa Julianne Félix, de 26 anos, que passou a degustar a iguaria com acompanhamentos como leite e granola. “Não podemos abrir mão do açaí nosso de cada dia, porém, temos que fazer render”, assegurou. A agente diz ainda que não abre mão da qualidade do produto. “Estou ciente de que, comprar em determinados locais é pagar mais caro, porém, corremos menos riscos”, apontou.
Já a aposentada Selma Azevedo, de 58 anos, diz que a alta de preços provocou a redução na quantidade de vezes em que compra o fruto batido. “Minha mãe, de 91 anos, adora açaí. Como o geriatra dela autorizou, eu passei a comprar com maior regularidade. Mas nos últimos meses, estamos sentindo o aumento, e acabei diminuindo a quantidade”, revelou, frisando que, o que seriam três vezes por semana, tornou-se uma única vez. “Vamos esperar a volta da safra para poder retomar o antigo hábito. O problema é se, quando a entressafra acabar, os preços continuarem em alta. Está cada vez mais complicado cultivar certas tradições”, reclamou.
Para a gerente de uma venda de açaí no bairro do Marco, em Belém, Walquíria Melo, a entressafra é a principal justificativa para o aumento de 12% no preço do litro do açaí. “Alguns consumidores pararam de comprar, outros estão comprando menos. Quem tomava açaí três ou quatro vezes no mês, está tomando uma ou duas”, apontou. Ainda segundo ela, a perspectiva para os próximos meses é de baixa. “Acredito que entre os meses de março e abril, possivelmente o preço volte a baixar. Agora, isso ainda não está confirmado. Vamos esperar o comportamento do mercado”, completou.
Veículo: O Liberal - PA