Modernização das leis trabalhistas e regime tributário diferenciado para confecções são prioridades da Abit
Com projeção de estagnação na produção das confecções e queda de 0,4% no segmento têxtil, além de extinção de 4 mil postos de trabalho neste ano em relação a 2014, a indústria têxtil e de confecções do país pretende focar na produtividade para vencer os desafios impostos pela retração da economia nacional.
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) estabeleceu uma agenda de prioridades para 2015 que vai atacar basicamente quatro pontos: a modernização das leis trabalhistas; a adoção de um regime tributário diferenciado para as confecções; o fortalecimento do comércio exterior e a intensificação dos investimentos em produção e gestão.
"Desde a crise de 2008, o setor praticamente dobrou seus investimentos de US$ 1 bilhão para US$ 2 bilhões por ano e agora freou esse apetite por aportes, que caíram 27% em 2013 e 30% em 2014. Isso acontece porque neste momento há um problema de falta de previsibilidade no Brasil. Quando o empresário não enxerga uma perspectiva de curto e médio prazo, ele segura os aportes e isso reflete no emprego", analisou o presidente da Abit, Rafael Cervone.
Segundo Cervone, que participou do "Circuito Abit Texbrasil Competitividade e Internacionalização", ontem, na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em Belo Horizonte, em 2013 o setor teve um saldo positivo de 7 mil postos de trabalho, mas em 2014 a indústria têxtil e de confecções eliminou cerca de 20 mil empregos.
Conforme o presidente da Abit, 2014 foi um ano crítico, ficando marcado por uma inversão no quadro de geração de postos de trabalho. Isso, segundo ele, levando em consideração que o empresário segurou as demissões até o último momento porque é caro contratar e capacitar mão de obra para depois demitir e ter que fazer tudo de novo se precisar recontratar. "Os salários reais tem crescido numa curva muito maior do que a produtividade da mão de obra e isso impacta na competitividade", destacou.
Nas contas do representante da indústria têxtil, 75% da mão de obra do setor, que fatura em torno de US$ 55 bilhões ao ano, é composta por mulheres. "Poucos países do mundo detêm o know-how de toda a cadeia produtiva têxtil, das fibras até o varejo e isso é um patrimônio raro. Temos que saber aproveitar isso. Está faltando um plano de país que aponte um cenário de longo prazo. A falta de previsibilidade é ruim para o Brasil. Temos que modernizar a legislação trabalhista para ganhar competitividade", avaliou.
Desoneração - A Abit está elaborando uma proposta de regime tributário diferenciado para as confecções. A ideia é aumentar o limite do faturamento para inclusão no Simples para R$ 14 milhões ao ano e reduzir a carga tributária do segmento de aproximadamente 18% para apenas 5%.
"Isso irá fortalecer o elo mais frágil da cadeia, que são as confecções. Hoje, são 78 mil no país, das quais 70 mil são micro e pequenas empresas (MPEs) incluídas no regime do Simples, que não é nem simples e nem atende mais à necessidade. Com essa proposta você desonera essas empresas permitindo que elas cresçam para se tornar mais competitivas, produtivas, conseguirem atender o varejo e exportar", justificou.
Segundo Cervone, a Abit tem um programa de exportações com 765 ações previstas para os próximos dois anos.
Veículo: Diário do Comércio - MG