Consumidor prefere os aparelhos portáteis na hora da compra. Outro fator é o preço, até 20% mais alto nos pontos de venda no País desde o ano passado
As vendas de computadores devem diminuir cerca de 3% este ano, segundo estimativas da IDC Brasil. O dólar acima de R$ 3 será o grande vilão da categoria, seguido do menor poder de compra do brasileiro e a migração para outras categorias como os tablets, sinalizado por especialistas.
Na opinião do sócio diretor da Panelli & Associados, Rubens Rubens Panelli Junior, para o setor, pior que o dólar é o endividamento do brasileiro. "Pesquisa recente apontou que o brasileiro deve hoje R$ 22 mil para três instituições diferentes [banco, cartão e crediário]. Tudo isso faz com que haja uma mudança de comportamento do consumidor", disse Junior.
Ainda segundo ele, não é de hoje que o segmento de eletrônicos tem apresentado queda. "Há três anos o mercado brasileiro vem caindo e isso tem acontecido no mercado mundial também." A explicação para este fato está na tecnologia, que já não é tão distinta uma da outra como no passado. "Anos atrás os computadores ficavam ultrapassados de forma rápida. Hoje, esse gap é bem menor."
Outro fator que pode influenciar a queda na venda de desktops e notebooks é a migração para outras categorias. "Atualmente, as pessoas que não precisam de um computador com uma super memória utilizam os tablets, deixando de lado outros portáteis. O mesmo acontece com o avanço dos celulares inteligente. Os jovens são os que mais usam o smartphone, e para tudo hoje em dia", como apontou o especialista na área de consumo.
A substituição dos desktops por notebooks também será um vilão. "Muitas empresas têm trocado os computadores por notebooks. Isso fará com que a venda dos equipamentos maiores apresente queda".
Precificação
Estimativa do IDC Brasil é que as redes varejistas coloquem computadores, notebooks e demais itens com valor até 20% mais caro nos pontos de venda. "A alta do dólar vai dificultar a recuperação. Isso já se pode notar nas lojas, onde os produtos estão de 15% a 20% mais caros do que custavam seis meses atrás", afirmou, em nota, o analista de pesquisas do IDC Brasil, Pedro Hagge.
Apesar do momento de arrefecimento nas vendas de computadores de uso doméstico, as perspectivas para o setor de eletrônicos é positiva para os próximos quatro anos.
Dados da consultoria Euromonitor Internacional apontam que o País, atualmente, é o quarto maior mercado de venda de artigos eletrônicos.
Em 2018, o volume deve chegar a 130 bilhões de itens vendidos, ou US$ 43,4 bilhões, com destaque para o crescimento de produtos de tecnologia vestível (wereable), que já devem começar a ganhar força a partir de 2016. No ano passado foram comercializados R$ 10,3 milhões de computadores pelas varejistas Casas Bahia, Pontofrio, Fastshop entre outras redes, segundo o balanço divulgado pelo IDC.
Queda nas vendas
O volume, no entanto, representa queda de 26% na comparação com igual período de 2013. Desse total, 4 milhões são desktops e 6,4 milhões de notebooks. As duas categorias tiveram recuo de 31% e 22%, respectivamente. Com relação ao perfil dos compradores, 29% foram comercializados para o mercado corporativo e 71%, para o consumidor final.
As vendas de computadores já vinham sinalizando queda desde o começo de 2014. No primeiro trimestre do ano passado, o volume comercializado foi de 2,4 milhões de unidades. No segundo trimestre, houve uma pequena recuperação - 2,65 milhões -, mas na comparação com 2013 a queda estava em 26%, o que resultou em um 2014 fraco em vendas.
Veículo: DCI