Feira se inicia hoje, em Não-Me-Toque, com expectativa positiva para comercialização de máquinas e equipamentos
Uma das maiores feiras do agronegócio brasileiro se inicia hoje, em Não-Me-Toque, no Noroeste do Estado. Com o tema "Negócios que inspiram o amanhã", a 16ª edição da Expodireto Cotrijal deve reunir 515 expositores e receber mais de 230 mil visitantes até sexta-feira, em uma área de 84 hectares. O evento movimentou R$ 3,2 bilhões em negócios no ano passado. Em 2015, além da comercialização de produtos do segmento, os destaques são os fóruns e seminários, que debaterão as demandas dos produtores das cadeias de milho, soja e leite.
A projeção de alta para a safra do Rio Grande do Sul anima as empresas do setor agrícola, especialmente as fabricantes de tratores e colheitadeiras. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos (Simers), Cláudio Bier, o objetivo é atingir, ao mínimo, o mesmo patamar financeiro da feira do ano passado. "Ainda há um pouco de incerteza no setor por causa dos financiamentos para o segundo semestre. Mas, se tudo se encaminhar bem, com as taxas atuais de juros garantidas, os números da Expodireto serão ótimos", afirma Bier.
Segundo o gerente comercial da New Holland, Edney Amaral, o R$ 1,8 bilhão atualmente disponível pelo Programa de Modernização da Frota (Moderfrota) deve suprir as necessidades do segmento até maio. "É uma linha de financiamento curta, mas justamente por isso a feira deve concentrar a busca por esses recursos. A expectativa é incrementar em 10% nossos negócios", destaca Amaral. Os juros em 4,5% ao ano para o produtor rural com renda de até R$ 90 milhões estão garantidos até junho pelo Ministério da Agricultura.
O gerente de vendas da Valtra, Luiz Cambuhy, lembra que a média de tratores por hectare está em queda no Brasil, tendo em vista a grande evolução da área plantada. Hoje, são 110 veículos por hectare. Com isso, a empresa ainda vê espaço para crescimento e renovação da frota, mesmo no Rio Grande do Sul, região caracterizada por um espaço de plantio praticamente consolidado. "A relação do índice de tratorização está menor do que há 15 anos. E a idade média do maquinário, se comparada a Europa e aos Estados Unidos, ainda é bastante antiga", diz.
Nem mesmo a redução do preço das commodities é vista como entrave para os negócios do setor. Nesse sentido, as companhias comemoram o dólar acima da barreira dos R$ 3, fator responsável por melhorar a capitalização do produtor na safra atual. "A cotação internacional da soja caiu, mas a variação cambial nesse momento é altamente favorável, e o arroz também já é produto de exportação. O cenário no Rio Grande do Sul é muito positivo para o agronegócio como um todo", analisa o gerente de vendas da Massey Ferguson, Leonel Oliveira.
As companhias entendem também que a diminuição do período das janelas entre as safras aumenta a necessidade de adquirir maquinário. Para o gerente regional de vendas da John Deere, Tangleder Lambrecht, o produtor está em busca de inovações para otimizar o plantio e a colheita, melhorando a qualidade do grão e a produtividade. "A tecnologia é um fator fundamental de compra e renovação. E as feiras, como a Expodireto, são um bom momento para o produtor conferir as novidades".
A Case IH, mais uma representante do segmento em Não-Me-Toque, por sua vez, pretende aumentar em até 15% as margens de venda na comparação com a última edição, de acordo com gerente comercial para a região Sul, Henrique Karsburg. "Percebemos uma antecipação de compras no primeiro semestre, pois os juros mais baixos estão garantidos para esse período", afirma.
Milho apresenta bons rendimentos
Os produtores gaúchos devem ter uma excelente safra de milho neste ano, segundo a Emater. Os bons resultados devem-se à situação climática favorável em todas as regiões produtoras, independente da fase em que as lavouras se encontram e da época em que foram implantadas.
Em importantes regiões produtoras de milho, como Santa Rosa e Ijuí, a colheita se aproxima do final, alcançando, respectivamente, 80% e 90% de área colhida. Em termos estaduais, o percentual chega a 50% do total. Nessas regiões, as produtividades têm surpreendido até os mais otimistas, registrando rendimentos que giram ao redor dos 6 mil quilos por hectare. Assim, devido à atual fase em que a cultura se encontra, é provável que, na próxima semana, seja possível estimar o tamanho da safra, que, ao que tudo indica, deverá ser uma das melhores da história, superando os 4,8 milhões de toneladas estimados pela Emater.
Com o clima favorável, segundo a Emater, a cultura da soja também mantém a perspectiva de alta produtividade. As lavouras se encontram em fase final de enchimento de grãos (80%) e iniciando a maturação de forma mais acelerada (13%). A pouca área já colhida (2% do total) registra rendimentos ao redor dos 3 mil quilos por hectare.
A colheita da primeira safra do feijão se aproxima do final, restando ainda áreas a serem colhidas em grande parte dos Campos de Cima da Serra. Nas demais regiões, são muito pequenas as áreas em terminação e encerramento de colheita. A produtividade média da safra é expressivamente superior à expectativa inicial de 1,37 tonelada por hectare, já superando 1,5 tonelada por hectare, com boa qualidade comercial.
Veículo: Jornal do Comércio - RS