Os europeus não colaborarão para uma alta do estoque mundial de grãos neste ano. Ao menos é o que indicam projeções de produção da Copa e da Cogeca, entidades que reúnem produtores e cooperativas na União Europeia
A área semeada deverá diminuir 4% neste ano, para 54,5 milhões de hectares nos 28 países componentes do bloco, conforme estimativas das entidades. A queda média da produtividade em 4,5% neste ano, associada ao recuo da área semeada, vai derrubar a produção para 293,9 milhões de toneladas, 8% abaixo do que foi produzido em 2014.
Na avaliação da Copa e da Cogeca, a redução da produção se deve às novas medidas ambientais promovidas na reforma da PAC (Política Agrícola Comum). Além disso, os produtores e as cooperativas têm sérias preocupações sobre as novas normas europeias a respeito do mercado futuro.
Como está a regra, produtores e cooperativas serão classificados como operadores financeiros, apesar de entregarem produtos físicos no mercado, na avaliação das entidades. Um dos principais recuos de produção ocorrerá no trigo, cuja produção cai para 146,2 milhões de toneladas, 6% abaixo do volume anterior. Além de uma área menor --em 2,4%--, a produtividade cai 3,7%.
Os europeus terão queda, ainda, na produção de milho, para 68,9 milhões de toneladas no ano, 5% menos. Três países vão sofrer mais com a queda de produção agrícola: França, Alemanha e Reino Unido. Os franceses vão produzir 66 milhões de toneladas, 7,4% menos. Já os alemães, que produziram 51,9 milhões em 2014, deverão ter uma safra 9,2% inferior neste ano, recuando para 47,1 milhões.
Mas a grande queda ocorre no Reino Unido, segundo as estimativas da Copa e da Cogeca. Após ter atingido um volume de grãos de 24,6 milhões de toneladas em 2014, o país deverá ter um recuo de pelo menos 15% na produção deste ano.
A Europa reduz também a produção de oleaginosas, cujo volume cai para 32,9 milhões de toneladas neste ano, 4,4% menos do que em 2014.
A colza, com volume de 22 milhões de toneladas, terá um dos principais recuos: -7% no ano.
Soja O movimento de saída pelos portos brasileiros se intensifica. Pelos dados atuais da Secex, o país deverá exportar próximo de 5 milhões de toneladas neste mês. Mesmo que concretizado, esse volume ficará abaixo dos 6,2 milhões de igual mês do ano passado.
Preços O volume de exportação deste ano deverá ser maior do que o de 2014, mas as receitas não. A soja em grão exportada neste mês é negociada, em média, a US$ 398 por tonelada, 21% menos do que os US$ 505 de março do ano passado.
Também em queda Assim como a soja em grão, o farelo e o óleo perdem preço no mercado internacional. A tonelada de farelo de soja recuou para US$ 407 neste ano, 18% menos. Já o óleo de soja caiu 17%, em relação a março do ano passado, para US$ 727 por tonelada.
Veículo: Folha de S. Paulo