Enquanto colhem a maior safra de soja da história, que avança em mais de 15% da área cultivada no Rio Grande do Sul, muitos produtores gaúchos já se programam para a próxima. Diante das incertezas sobre a variação do câmbio no país ao longo do ano, há quem aconselhe a antecipar a compra de pelo menos uma parte dos insumos para garantir a cotação atual do dólar, na casa dos R$ 3,30
– Vai perder quem deixar para comprar em cima da hora. E principalmente aquele que gastar o que está colhendo agora com outras coisas e depois depender apenas de financiamento, a custo maior – alerta o diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Cornacchioni.
Quem conseguiu fazer reserva de capital, aconselha Cornacchioni, tem na aquisição antecipada uma forma de se precaver da turbulência cambial e ter de arcar com uma possível cotação do dólar ainda maior em julho – quando o crédito agrícola é liberado para custeio da safra. Economista da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz aposta na compra antecipada em maio, levando em conta o histórico dos últimos 10 anos.
– A procura costuma ser menor nesse período, mas em ano atípico como este é difícil prever qualquer coisa – pondera o economista.
Outra estratégia para reduzir riscos de perda na hora de custear a safra é travar a cotação do dólar para a venda da próxima colheita – na chamada operação de hedge.
– Se comprar insumo em dólar e vender a safra dolarizada, tentando casar prazos de compra e venda, é possível criar uma proteção para a operação – exemplifica o economista Celso Pudwell, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Em ano de insegurança econômica e volatilidade do câmbio, a melhor estratégia parece ser a de afastar riscos, mesmo que isso possa resultar em margens menores para o produtor.
Veículo: Zero Hora