A produção de roupas no país recuou 19,7% no primeiro trimestre deste ano, segundo o Sindivestuário (sindicato que representa as indústrias paulistas). No Estado de São Paulo, a retração foi ainda maior no período e chegou a 24,1%
Esse foi o pior desempenho dos últimos quarenta anos e superou até a queda registrada durante a crise de 2008, de 6% a 7%. Mesmo com a alta do dólar, as importações são responsáveis pelo cenário negativo, segundo Ronald Masijah, presidente da entidade e sócio da fabricante paulistana de lingeries Darling. "Continua sendo muito lucrativo para as empresas importarem, porque a margem é muito grande. Isso só mudaria se a cotação do dólar chegasse a R$ 3,60, o que é improvável." Enquanto no Brasil os impostos equivalem a 42% do preço do produto, na China, essa parcela é de 13%, segundo a entidade, que negocia incentivos fiscais no Estado.
A projeção é que o ano encerre com baixa de 10% na produção. O setor apresentou quedas médias anuais de 5% nos últimos cinco anos até 2014, quando registrou retração de cerca de 7%. A Darling iniciou em 2014 um programa de controle de desperdício de tecidos e modernizou equipamentos para diminuir custos e tempo gasto com a produção. "Conseguimos manter nossa receita estável em relação ao ano anterior", diz Masijah. A companhia não demitiu porque cerca 40% dos funcionários estão na empresa há mais de 40 anos, em processo de aposentadoria, de acordo com o executivo.
Veículo: Folha de S. Paulo