Com quebra de produção, preços pagos pelo mercado apresentam valorização de 80%, entre janeiro e abril
A estiagem registrada no início do ano em Minas Gerais afetou a produção de tomates em importantes regiões produtoras. Com o início da colheita desta safra, os preços pagos pelo tomate apresentam valorização significativa próxima a 80%, entre janeiro e abril. Apesar da queda produtiva no período atual, os altos preços pagos no momento e o clima favorável para a produção devem estimular o maior plantio ao longo dos próximos meses, fazendo com que a produção estadual termine o ano com volumes equivalentes ao colhido em 2014, 190 mil toneladas.
De acordo com a Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa Minas), desde janeiro os preços pagos pelo tomate estão em elevação. No primeiro quadrimestre, a valorização chegou a 78,35%. Para se ter ideia, enquanto o quilo do produto era negociado a R$ 1,34 em janeiro, o mesmo volume passou para R$ 1,43 em fevereiro, R$ 1,63 em março e R$ 2,39 em abril. Segundo a assessoria da Ceasa, a tendência para os próximos meses é de queda nos preços já que a oferta deve regularizar.
Em Carmópolis de Minas, na região Central, segundo município maior produtor de tomates em Minas, a produtividade da cultura caiu drasticamente. Segundo o extensionista agropecuário da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), do escritório de Carmópolis, Ivo Torres, o rendimento médio que era de 80 toneladas por hectare caiu para 45 toneladas, retração de 43,85%.
Segundo o técnico, além da estiagem e das chuvas de março, o que comprometeu a qualidade do tomate foi um severo ataque da lagarta Helicoverpa armigera, da broca pequena e da broca grande, que agravaram ainda mais a situação.
Qualidade - Com a queda na produtividade, os preços pagos pela caixa de 20 quilos foram alavancados, com a caixa variando entre R$ 50 e R$ 80 dependendo da qualidade. Normalmente o volume é comercializado em torno de R$ 40 por caixa de 20 quilos.
"A valorização do tomate veio em boa hora já que, além das perdas produtivas, os custos de produção estão mais altos em função da desvalorização do real frente ao dólar, o que elevou os preços de importantes insumos, como adubos, por exemplo. Nossa expectativa é que a produção se regularize ao longo dos próximos meses, já que o clima, até o momento, está mais favorável", avaliou.
Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Carmópolis deve encerrar 2015 com uma produção em torno de 26,4 mil toneladas de tomates em uma área de 330 hectares. Já em Patos de Minas, no Alto Paranaiba, a estiagem registrada em janeiro causou perdas entre 40% e 50% na produtividade das lavouras de tomate. Com a oferta escassa, a caixa de 20 quilos do produto chegou a ser negociada por até R$ 120, frente a uma média de R$ 45 por caixa praticado em 2014. A expectativa é que nos próximos 90 dias, quando a nova safra deve ser colhida, os preços recuem cerca de 50%.
De acordo com o extensionista agropecuário da Emater-MG em Patos de Minas Oswaldo Ferreira Filho, os preços pagos atualmente pelo tomate são suficientes para cobrir os custos, que variam entre R$ 40 e R$ 58, e gerar lucro significativo para os agricultores.
"A produção foi muito prejudicada pela falta de chuvas, embora grande parte seja irrigada, mas as temperaturas muito altas desidrataram o tomate, perdendo a qualidade. Com o estresse hídrico, a planta também perde resistência ficando mais suscetível à doenças e pragas, que são mais difíceis de controlar com o tempo seco. As perdas provocadas pelo clima estão sendo compensadas pelos valores altos pagos pelo tomate. Isto é fundamental para que os agricultores continuem investindo na atividade. A expectativa é que ocorra aumento da área produtiva, devido aos bons preços", avaliou.
Veículo: Diário do Comércio - MG