Vinte dias de estiagem complicaram o plantio de soja em dois estados que são grandes produtores, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O trabalho já começou na fazenda do agricultor Jonis Assmann, em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul. A soja, semeada há menos de um mês, já começa a crescer.
“Está promissor”, diz ele. Mas Jonis sabe que ainda há muito trabalho pela frente. Em todo o estado, a soja vai ocupar 2,3 milhões de hectares. Setenta por cento desse total já foi plantado. O percentual não é maior por causa da instabilidade climática.
“Em outubro, quando começou o plantio, faltou chuva. Estamos com pressa para concluir logo essa etapa do plantio”, diz Edevando Nascimento, outro agricultor do mesmo município.
Em São Gabriel do Oeste, foram 20 dias sem chuva em um período crítico. E isso preocupa a todos: “Temos que terminar o plantio até o final de novembro. Se plantarmos em dezembro, a soja fica fora da janela de plantio e o potencial de produção cai drasticamente”, explica Jonis.
Outra preocupação é a valorização do dólar frente ao real. Por conta disso, alguns insumos subiram 30 por cento em relação ao ciclo passado.
Para equilibrar as contas, agricultores como Sebastião Cruciol Filho antecipam a comercialização da safra. Ele, por exemplo, já vendeu 60 por cento do que espera colher. No estado como um todo, 38 por cento da produção já está comprometida em contratos futuros.
Ajuda dos vizinhos
No estado vizinho, o Mato Grosso, a história é parecida. Em uma fazenda em Juscimeira, oito plantadeiras trabalham ao mesmo tempo lançando sementes de soja no chão para tentar recuperar o tempo perdido. Uma estiagem de 20 dias prejudicou o planejamento. “O solo ficou muito seco e foi preciso interromper o plantio. As máquinas ficaram paradas por pelo menos duas semanas”, explica o fazendeiro Luiz Patroni. “O trabalho deveria estar na reta final, mas ainda está na metade”.
“Nossa área total é de oito mil hectares de soja. Nossa programação inicial era terminar o plantio até 15 de novembro. Por conta do atraso, agora esperamos terminar em 5 de dezembro”, diz o gerente de produção David Signor.
Para recuperar o tempo perdido, uma “operação de guerra” foi montada, com
mais de 20 funcionários se revezando em dois turnos. As plantadeiras rodam praticamente o dia todo.
Neste ritmo é possível plantar até 450 hectares por dia. Isso ainda é pouco. Por isso eles contam com a ajuda dos vizinhos. Três plantadeiras já chegaram e outras três devem completar o time nos próximos dias. “Alguns vizinhos, por serem áreas menores, já terminaram o plantio. A gente vai se ajudando”, diz David.
As lavouras de soja devem ocupar 9,2 milhões de hectares nesta safra no Mato Grosso.
Veículo: Portal G1