A alta de 0,6% nas vendas do varejo na passagem de setembro para outubro é significativa, mas ainda não reverte a tendência de queda no setor, segundo Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De fevereiro a setembro, o varejo acumulou uma perda de 6,3%. A média móvel trimestral do setor permanece negativa, em -0,2%, mas em menor intensidade do que o resultado de -0,9% registrado em setembro.
"Então é um resultado positivo, mas muito abaixo das perdas acumuladas no passado. Ele amortece a média móvel, que é um indicador de tendência, mas não reverte tendência por enquanto", avaliou Isabella.
A gerente do IBGE notou que o único segmento que conseguiu reverter a tendência de queda observada pela média móvel trimestral foi o de supermercados. Segundo ela, a atividade é beneficiada pela oferta de produtos essenciais e pela proximidade do fim do ano, período em que circula mais dinheiro no bolso do consumidor.
"É um período que tem mais dinheiro. A atividade de supermercados tem muito peso (na pesquisa) e é bastante sensível a qualquer melhora", justificou a pesquisadora.
Apesar da melhora na margem, o varejo mantém ainda os resultados negativos em relação a 2014. De acordo Isabella, o desempenho das vendas é prejudicado pela renda menor e pelo crédito mais caro.
"No cenário para o poder de compra, você tem que juntar renda e crédito. Enfraqueceu também o mercado de trabalho, que é um componente importante para o consumo das famílias", citou a gerente do IBGE.
Dados da Pesquisa Mensal de Emprego, apurada também pelo IBGE, mostram que a massa de salários paga aos trabalhadores ocupados crescia 3,1% em outubro de 2014 e passou a cair 10,4% em outubro de 2015. Informações do Banco Central mostram que a taxa de juros do crédito a pessoas físicas saltou de 28,1% ao ano para 38,7% ao ano no mesmo período.
Veículo: Jornal Estado de Minas - MG