A meta deve ser alcançada através de novo programa para o setor.
Ampliar a produção do açaí em 360 mil toneladas nos próximos quatros anos. De um lado, com o uso da técnca de irrigação em novos 10 mil hectares em terra e por outro, com o manejo e o enriquecimento de 40 mil hectares em área de várzea nas regiões do Marajó e do Baixo Tocantins, já, atualmente, as principais produtoras do fruto no Estado. Com as duas iniciativas, o Pará aumentará em um 1/3 a oferta atual de açaí, o que ajudará a regular o mercado interno e, claro, gerar excedente para a exportação. Em síntese, esse é o Programa Pró-Açaí, lançado ontem, pela manhã, na sede da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), em Belém, em parceria com a Empraba Amazônia Oriental, Ideflor e Emater Pará. Presentes à solenidade, o senador Flexa Ribiero (PSDB Pará) e o titular da Sedap, Hildegardo Nunes, prometeram envidar esforços conjuntos para garantir competitividade aos produtores paraenses, pois Estados como Minas Gerais e Bahia começam a despontar na produção do fruto.
"Nós ainda temos no açaí um processo de comercialização muito perverso quando se olha a base. Você tem um sistema de encadeamento de atravessadores no processo, que o preço pago ao produtor, muitas vezes, fica distante do preço que se trabalha na ponta'', afirmou Hildegardo. Ele observou que é necessário que o programa trabalhe também com a organização dos produtores, sobretudo os pequenos, que, em geral, produzem por meio de grupos familiares, bem como, melhorar os canais de comercialização. "Esses são uns dos desafios que temos'', afirmou Hildegardo.
O secretário pediu a atenção especial do senador Flexa Ribeiro, para buscar junto ao governo federal o que já foi conquistado para a produção do cacau no Pará, que é a inclusão do açaí na Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM). "Não é que a gente queira utilizar o preço mínimo, mas ele serve de balizador para que o agricultor que está lá na ponta tenha uma referência e não se deixe explorar pelo atravessador que chega para formar um preço em razão de suas conveniências'', frisou Hildegardo. Nesse sentido, o secretário destacou a importância de se buscar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Flexa prometeu buscar meios em Brasília para proteção da cultura do açaí, considerando a criação de um selo verde originalmente amazônico. Ele lembrou que a expressão "Amazônia" tem um apelo comecial mundial. "Você coloca uma gota de açaí num produto e escreve açaí e já diz que está tomando energético de açaí. Isso ocorre também com os nossos cosméticos. Nós temos de ter um projeto similiar ao do cacau, que já está tramitando, em que é necessário, no mínino, 20% de cacau para a produção de chocolate. E agora já estamos discutindo o aumento desse percentual de cacau 20% para 35% para assegurar o mercado da amêndoa. A mesma coisa vou buscar para o açaí'', defendeu o senador, lembrando que essa discussão está na ordem do dia junto à Sedap, e sua intenção é dar entrada no projeto de lei em favor do açaí paraense no mês que vem.
Atualmente, o Pará é o maior produtor nacional com produção de um milhão de toneladas do fruto em 2015, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As regiões do Marajó e do Baixo Tocantins são as campeãs em produtividade. Ao todo, o Estado tem 103 mil hectares plantados, no entanto, 80% dessa produção é de várzea, ou seja, só ocorre em um só período do ano, de junho a dezembro. Contudo, conforme citou Hildegardo, mesmo esses dados são questionáveis porque não se tem ainda uma base consolidada de informações que possa aferir a real produção paraense de açaí.
"O Pró-açaí é apenas o começo e uma ação que precisa ser desenvolvida, para que esse produto que é tão nobre e tão caro a todos nós, possa se consolidar no Estado como um gerador de renda, empregos desenvolvimento local, é para isso que todos nós trabalhamos'', concluiu o titular da Sedap.
Veículo: Jornal O Liberal - PA