Aumento da tarifa e a diminuição do custo do produto provocaram boom de 100% nas vendas.
Se até há pouco tempo o uso de lâmpadas de led (diodos de emissão de luz, na sigla em inglês) era uma questão de opção do consumidor, hoje, além de tendência, é um negócio lucrativo. A procura pelo produto já vinha crescendo nos últimos anos, mas fontes ligadas ao segmento de material elétrico destacam que 2015 foi determinante para a tecnologia. O constante aumento da tarifa de energia e a diminuição do custo da lâmpada provocaram um verdadeiro boom nas vendas, que aumentaram até 100% em relação a 2014.
A gestora de leds e lâmpadas do grupo Loja Elétrica, Marlene Alves de Macedo, relata uma verdadeira “explosão” de vendas de lâmpadas de led logo no primeiro semestre de 2015. Segundo ela, os consumidores chegaram assustados com o aumento da conta de luz. “Os clientes estavam chegando com a conta de luz na mão, mostrando o aumento e perguntando onde estava a lâmpada que economizava energia. De janeiro a abril daquele ano, nós mal conseguíamos abastecer a loja e tínhamos dificuldade de comprar porque os fornecedores também não estavam preparados”, afirma. De acordo com ela, as vendas de lâmpadas de led cresceram 100% em 2015, na comparação com 2014.
A gestora explica que, no segundo semestre, os consumidores já chegavam um pouco mais calmos e mais conscientes do que é a tecnologia led e quais suas vantagens. Ainda assim, ela destaca que as vendas continuaram crescendo. “Desde o início do ano passado, em momento algum a venda de lâmpadas de led caiu: a curva continua em ascendente e, neste ano, a meta é avançar mais 100%”, comemora. Segundo ela, por causa da alta demanda, a Elétrica passou a importar a lâmpada de led direto da China.
De acordo com Marlene Macedo, apesar de o preço da lâmpada de led ter caído muito, o custo ainda é alto e, pelo menos, o dobro da lâmpada tradicional. Ela afirma que isso não foi um impeditivo, mas provocou uma tendência de parcelamento da compra. “A maioria dos clientes não compra e paga todas as lâmpadas de uma vez: ou ele compra duas ou três por mês ou faz a compra completa e pede para parcelar”, diz.
O ano de 2015 também foi de muito movimento no setor de iluminação da Othon de Carvalho, loja de material elétrico que fica no Barro Preto, região Centro-Sul de Belo Horizonte. O comprador do setor de iluminação da empresa Amilton Reis afirma que a demanda cresceu de maneira significativa e a compra de lâmpada de led alcançou o mesmo patamar da compra de lâmpadas tradicionais. “Vendemos lâmpadas de led há seis anos, mas 2015 foi fora do comum e uma grata surpresa. Para 2016, também estamos otimistas e esperamos dobrar o volume de vendas do ano passado”, diz.
Alavanca - Ele acredita que o aumento da tarifa de energia é um dos principais motivos para essa corrida pela tecnologia led. Mas ele destaca que a diminuição do preço desse produto também tem pesado na escolha do cliente. Ele afirma que na Othon de Carvalho os funcionários são orientados a vender a lâmpada de led, mas garante que os consumidores já estão percebendo a vantagem do produto por conta própria. “Quando os clientes comparam os preços e percebem que são muito próximos eles optam pela lâmpada de led por causa da economia”, afirma.
Especialista no mercado varejista de construção civil, a Leroy Merlin também precisou reforçar as gôndolas com as lâmpadas de led. De acordo com o especialista da área de iluminação e elétrica da Leroy Merlin BH Sul, Denylson Francisco, atualmente 50% dos clientes que chegam à loja para comprar lâmpada optam pela tecnologia led. “Até 2014, essa porcentagem era de 15% a 20%, mas 2015 surpreendeu muito a gente: as vendas tiveram um pico e, hoje, o consumidor já chega à loja procurando a lâmpada de led”, afirma.
Para o especialista, o principal motivo é a drástica redução do preço do produto ao longo do ano. Segundo ele, as primeiras lâmpadas de led que chegaram ao mercado custavam cerca de R$ 50 e, hoje, é possível encontrar opções de até R$ 12,90. “O aumento da conta de luz também influencia: a economia que a tecnologia led gera é muito grande e o cliente já entendeu isso e está realmente trocando as lâmpadas em casa”, diz.
Normatização - Outro fator que vem contribuindo para a redução do custo das lâmpadas de led é o grande número de fornecedores do produto, conforme explica o gerente de vendas da revendedora Ultra Luz, Paulo Sérgio Rodrigues de Oliveira. Mas ele alerta que essa diversidade desregulada não é positiva, tendo em vista que nem todos os fornecedores têm compromisso com a qualidade do produto. “Como o setor ainda não foi normatizado, é possível encontrar lâmpadas muito diferentes no mercado, tanto em relação a vida útil quanto a resultado de luminância”, diz.
Mas esse problema está prestes a acabar: no ano passado, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) publicou uma portaria que regulamenta e determina especificações técnicas para as lâmpadas de led vendidas no País. A partir de junho deste ano, os fabricantes não poderão mais comercializar produtos não certificados. A data limite para a comercialização desses produtos sem certificação para as médias e grandes revendedoras é 17 de março do ano que vem e, para as micro e pequenas, 17 de setembro de 2017.
Para Oliveira, a certificação deve mudar o cenário de fornecedores de lâmpadas de led, favorecendo as empresas que já trabalham com um produto de qualidade. “Quando a lâmpada fluorescente foi lançada, havia mais de 400 fornecedores, mas quando ela foi normatizada esse número reduziu para 70. Com o led acontecerá a mesma coisa: hoje, há mais de 500 fornecedores, mas esse número vai cair porque muitas marcas não conseguem atender aos critérios do Inmetro”, diz.
Ele afirma que a qualidade sempre foi uma preocupação da Ultra Luz, que fica no bairro Itapoã, na Pampulha. Por isso, antes mesmo das exigências da certificação, a empresa se preparou para oferecer a melhor lâmpada de led. De acordo com o gerente, o produto vendido pela empresa vem da China, mas tem o selo Procel, que é concedido aos equipamentos que apresentam os melhores índices de eficiência energética dentro da sua categoria. “O consumidor está entendendo mais sobre o led, questionando e buscando qualidade. Empresas que têm o selo como a nossa estarão mais qualificadas para cumprir os critérios do Inmetro e mais preparadas para atender o cliente”, garante.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG