Varejistas de médio porte puxaram o fechamento de lojas ao longo de 2015

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Com menos poder de barganha para segurar a operação na crise do que grandes redes, e com mais empregados que os pequenos, 15,7 mil operações de até 100 funcionários foram encerradas.

Com menos capital de giro para se sustentar durante o período de baixa nas vendas, os varejistas de médio porte foram os que mais fecharam as portas ao longo de 2015, segundo levantamento da CNC.

Com 16,5% menos lojas em 2015, na comparação com 2014, os lojistas com até 100 funcionários passam por um cenário desafiador. "Eles são grande demais para ser pequenos, e pequenos demais para ser grandes", resume o professor de macroeconomia e especialista em varejo pela Universidade de São Paulo (USP), César Beltrão. Na visão do acadêmico, o crédito mais caro e a folha de pagamentos elevada são alguns dos fatores que implicaram no fechamento dessas operações.

"Enquanto os pequenos lojistas possuem poucos funcionários, os médios lidam com grandes despesas em pagamentos. Sem vendas, é impossível manter a operação se você não tem uma grande rede por trás ou uma operação mais capitalizada", resumiu.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ao todo, 15,7 mil varejistas de médio porte fecharam as portas ano passado. "O número pode continuar subindo este ano, se não houver retomada da confiança do consumidor", completa ele.

Para este ano, o conselho do acadêmico é que os empresários que ainda estão na ativa façam a lição de casa. "É preciso controlar o estoque semanalmente, além de ser fundamental se aproximar do consumidor e questionar sobre o que ele busca na loja para se adaptar exatamente ao desejo do cliente", completa.

Tombo

Quando analisado os fechamentos de lojas de todos os portes, 95,4 mil operações de varejo foram encerradas ao longo de 2015. O número, segundo o economista da CNC, Fabio Bentes, aponta para a força da recessão. "O levantamento evidencia a dimensão da crise no varejo, que afetou todos os setores, inclusive os grandes, que, teoricamente têm mais capacidade de enfrentar o quadro recessivo. Além disso, chama a atenção porque ela está presente praticamente no País inteiro."

O resultado, segundo Bentes, é o pior dos últimos 15 anos, somando 13,5% menos lojas em funcionamento em 2015, na comparação com 2014. "As grandes lojas do varejo também registraram recuo no volume de estabelecimentos, com queda de 14,8% em 2015", completa a entidade.

Todos os segmentos do varejo registraram queda no número de lojas, mas os mais prejudicados foram os ramos mais dependentes das condições de crédito: material de construção (-18,3%), informática e comunicação (-16,6%) e móveis e eletrodomésticos (-15,0%).

Em termos absolutos, o setor de hipermercados, supermercados e mercearias foi o que teve a maior redução no número de lojas: 25,6 mil estabelecimentos foram fechados no ano passado. O setor responde por um em cada três pontos comerciais do País, lembrou a CNC. Os segmentos de supermercados e de vestuário e acessórios responderam por quase metade (45,0%) das lojas que encerraram as atividades em 2015.

Por estado

Segundo a pesquisa, apenas Roraima não registrou recuo no número de lojas. Espírito Santo foi, proporcionalmente, o local mais afetado (-18,5%), seguido por Amapá (-16,6%) e Rio Grande do Sul (-16,4%).

Os estados de São Paulo (-28,9 mil), Minas Gerais (-12,5 mil) e Paraná (-9,4 mil) responderam, juntos, por mais da metade (53 3%) da queda no número de estabelecimentos.

 



Veículo: Jornal DCI


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