Queda nas vendas de supermercados deve bater novo recorde em 2016, diz pesquisa

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Depois de obter em 2015 seu pior resultado desde 1992, as vendas do varejo em número de unidades devem quebrar novo recorde negativo este ano, de acordo com projeção da Nielsen. As vendas em volume em lojas como supermercados, hipermercados, bares e padarias caíram 1,2% em 2015 e a expectativa é de um novo recuo da ordem de 2,1% em 2016.

Pesquisa da Nielsen sobre o cenário para este ano avalia que a deterioração no mercado de trabalho é a principal responsável pelo cenário negativo. Do total da queda de volume prevista para 2016, a pesquisa estima que ao menos 0,8 ponto porcentual corresponda ao efeito provocado pela queda no nível de emprego.

Para a analista de mercado Tatiene Vale, as expectativas indicam um cenário de retomada apenas em 2018. Até lá, diz, as empresas vão ter que trabalhar com esse ambiente de curto prazo em que o consumidor está racionalizando os gastos.

Os números indicam que as famílias estão indo menos vezes às compras e trazendo menos produtos para casa. A frequência com que os consumidores vão às lojas recuou 4,3% em 2015. Enquanto, no início da crise, a preocupação do varejo e da indústria era a redução no consumo de itens mais caros e migração para os mais baratos, hoje o volume cai como um todo: a quantidade de produtos que cada família levou para casa diminuiu 3,5% no ano passado.

Dívidas. Além do desemprego, os dados da Nielsen apontam que outra razão para o carrinho de compras ter diminuído é o endividamento. Segundo o levantamento, 47% dos consumidores ao final de 2015 ou já estavam inadimplentes ou consideravam a possibilidade de atrasar pagamentos. O total de pessoas nessa situação aumentou 4,6% ante 2014 e são esses consumidores que estão reduzindo seus gastos.

A pesquisa detectou ainda que, na tentativa de conter a queda nas vendas, a maior parte dos fabricantes fez promoções com mais intensidade, diminuindo os preços por um período temporário. Ao longo de 2015, essas reduções de preço foram mais fortes sobretudo em bebidas, com aumento de promoção em mais de 70% dos casos, e de limpeza, em que as promoções aumentaram para 50% das categorias de produto.

Esse tipo de ação coloca pressão sobre as margens de fabricantes e varejistas, conforme comenta Ricardo Alvarenga, da Nielsen. A pesquisa avaliou, porém, que em alguns casos essas promoções aumentaram pouco o volume vendido, o que, na avaliação dele, mostra a necessidade de as empresas serem mais precisas nas ofertas.

 



Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo


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