Embora a maioria dos indicadores do setor de serviços em geral e do comércio varejista em particular continue muito negativa, o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) apurado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP) revelou alta de 7,5% entre abril e maio, maior variação desde novembro de 2014. O mais importante é que o levantamento se baseia no mercado paulistano, cujo alto peso relativo permite, com frequência, antecipar tendências econômicas.
Mesmo quando a substituição de governo era uma possibilidade, consultorias econômicas já projetavam recuperação mais expressiva da atividade a partir do ano que vem. É o caso do Banco Itaú e da Tendências Consultoria que reviram suas estimativas de crescimento do PIB para mais de 1%, em 2017, abandonando as hipóteses de pouco mais do que zero, até há algumas semanas.
Se a hipótese positiva se confirmar, o comércio será beneficiado, pois a melhora das expectativas se traduz na volta da disposição de consumir após um prolongado período de pessimismo e contenção.
O IEC é um dos componentes do Índice de Confiança do Consumidor e seu comportamento é mais favorável que o do outro componente (ICEA, que avalia a situação atual). O IEC atingiu 119,9 pontos no mês, bem acima dos 100 pontos que separam os campos positivo e negativo. Mas a percepção das famílias sobre a situação corrente, expressa no ICEA, ainda é ruim (apenas 47,4 pontos).
É possível que o consumidor acredite que “não tem mais como piorar”, avalia o assessor econômico da FecomercioSP, Vitor França. De fato, outros indicadores das condições futuras do País já justificam uma percepção mais positiva. Há um ano, apenas 23,7% das pessoas acreditavam que o futuro seria melhor nos próximos 12 meses, porcentual que hoje se elevou a 32,4%. Quando o horizonte passa de 12 meses para 5 anos, 73,7% creem em melhoria, porcentual superior ao de 53,6% registrado em maio de 2015.
Pesquisa da Serasa Experian registrou melhora entre março e abril: o Indicador de Atividade do Comércio subiu 2,1%, com destaque para o desempenho positivo de material de construção (+1,9%). Mas em relação a igual período de 2015 ainda há queda de 9,5%.
Os sinais melhores da atividade varejista e das expectativas do consumidor são tênues, mas nem por isso devem ser ignorados numa conjuntura tão difícil.
Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo