Os preços da soja atropelaram o comportamento da inflação no Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) de maio, afirmou nesta segunda-feira, 16, o superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Segundo ele, o choque na produção no Nordeste e as especulações sobre a extensão da futura safra nos Estados Unidos provocaram a disparada de preços.
A soja subiu 7,22% neste mês, principal razão por trás da aceleração do IGP-10 em maio, para 0,60%. "Houve seca no fim da safra no Nordeste. Isso afetou os resultados no fim da colheita. Também houve problema climático na Argentina, e há dúvidas sobre a extensão da safra nos Estados Unidos", disse Quadros.
A alta da soja contaminou também seus derivados, como o farelo e o óleo de soja. Todos avançaram mais do que no mês passado, apontou a FGV. Esse movimento foi tão avassalador que abafou quedas importantes, como a do álcool (-18,95%), beneficiado pela safra de cana-de-açúcar e a consequente reposição de estoques.
Os medicamentos também avançaram, graças a um reajuste de até 12,5% autorizado pelo governo no fim de março. A medida contaminou preços tanto no atacado quanto no varejo.
No Índice de Preços ao Consumidor (IPC), houve ainda pressão do vestuário, mais caro devido às novas coleções, e ao menor efeito benéfico da energia elétrica após a entrada em vigor da bandeira verde, que não prevê cobranças adicionais na conta de luz.
"A boa notícia é a alimentação, que sofreu uma desaceleração não pontual. É disseminada e tende a ser duradoura", afirmou Quadros. No IGP-10 de maio, o grupo Alimentação desacelerou de 1,09% para 0,79%, com queda em itens como a carne bovina.
Veículo: Jornal Estado de Minas - MG