Com o objetivo de entender melhor como o mercado de café está estruturado atualmente no Brasil e principalmente visando conhecer as tendências predominantes no setor e especialmente do consumo, a Associação Brasileira da Indústria de Café - Abic patrocinou uma ampla pesquisa sobre as Tendências do Mercado de Café. A pesquisa foi realizada tendo como base dados demográficos, gastos de consumo com o café e outras bebidas, mercado de máquinas de café, coleta e análise de dados secundários do setor, além de entrevistas realizadas com especialistas, produtores, comerciantes, varejistas e técnicos do governo, entre outros especialistas de instituições ligadas ao agronegócio café.
Os resultados da pesquisa foram divulgados no mês de abril de 2016 na forma de um Relatório customizado preparado pela Euromonitor Internacional para a Associação Brasileira da Indústria do Café - Abic – Abril 2016. O Relatório está disponível na íntegra no Observatório do Café, do Consórcio Pesquisa Café coordenado pela Embrapa Café.
No Sumário Executivo do Relatório, a pesquisa sugere que a crise causa desaceleração do consumo no curto prazo, mas a ‘premiunização' (categoria superior de café com grãos cuidadosamente selecionados e blends diferentes) se mantém como importante fator de consumo. E destaca três pontos importantes que merecem reflexão pelos interessados no setor: "Tradicional ganha espaço no curto prazo - por conta da crise e dos altos índices de desemprego, cafés tradicionais de preço mais baixo ganharam terreno na categoria de café em pó. Por outro lado, fontes confirmam que produtos de melhor qualidade seguirão firmes no longo prazo". E, mais ainda, que: "Aumentos nos custos operacionais não afetam qualidade - apesar da contínua alta dos custos operacionais, fabricantes não tem alterado investimentos em qualidade, preferindo não repassar uma parcela dos custos ou optar por cortes de gastos administrativos". E, conclui o Sumário: "Cápsulas continuam crescendo em ritmo acelerado – cápsulas apresentarão maiores taxas de crescimento global. Menor preço e crescimento do consumo dará impulso à categoria. Lançamentos inovadores em sabores e preços serão driver da categoria".
No geral, os resultados da pesquisa indicam dados altamente positivos para o mercado de café em cápsulas. Hoje esse segmento corresponde a 0,6% do volume total consumido no Brasil, o que representa em torno de 980 mil toneladas. Até 2019, as cápsulas deverão chegar a 1,1% do consumo, ou seja, um crescimento médio anual de 15,3% de 2014 a 2019, podendo crescer mais de 100% nesse período. Dessa forma, espera-se que o mercado de cápsulas movimente R$ 2,2 bilhões com 12 mil toneladas de café até 2019. A pesquisa atribui esse crescimento a maior disponibilidade de cápsulas e também a preços acessíveis do produto, fatores conjugados que serão grandes impulsionadores desse consumo.
O Relatório da pesquisa apresentado à Abic destaca também que a maioria dos consumidores entrevistados entende que a situação financeira atual não irá mudar o interesse pelo café, especialmente para os 58% dos pesquisados, que disseram que ainda não foram afetados pela crise, e, assim, se mostraram totalmente dispostos a manter o mesmo nível de consumo das marcas utilizadas. Em contrapartida, 41% dos que se disseram prejudicados pelo momento econômico do País manifestaram interesse em manter o consumo, mas com marcas mais baratas.
Outro aspecto importante relatado, que mereceu destaque nas conclusões da pesquisa, é que os consumidores que tomam café fora do lar tem maior poder aquisitivo e são mais atentos e exigentes quanto às qualidades do grão, suas origens e ainda percebem os diferentes blends. Nesse mesmo contexto da pesquisa, os cafés gourmet ganham mais atenção dos consumidores nas regiões urbanas.
Em relação ao consumo de café no lar, onde se procura praticidade e sabor, a pesquisa também apontou que as cápsulas continuam crescendo na preferência dos consumidores, inclusive nas cidades do interior do Brasil. E, entre os consumidores com maior poder aquisitivo, de um modo geral, a procura por cafés especiais também continua em ascensão. Segundo o Relatório, as ‘assinaturas' de cafés e a disseminação de diferentes métodos de preparo tem contribuído muito para esse cenário crescente. De outro lado, em regiões com menor poder de compra, o café em pó ainda é o predileto. A pesquisa demonstra também que o tradicional coador de tecido está sendo ligeiramente substituído pelos descartáveis e cafeteiras elétricas.
Em relação especificamente ao volume de café consumido no Brasil, a pesquisa aponta que o nosso País possui grande participação de vendas de café no varejo se comparado a outros países. No Brasil o café manterá participação de 3,5% no consumo de bebidas do brasileiro no período pesquisado. Nos Estados Unidos, por exemplo, essa mesma participação corresponde a 0,8%.
No geral, os dados da pesquisa são positivos e motivadores para o mercado de food service (mercado de alimentação fora do lar). Nesse caso, a pesquisa demonstrou que há uma concentração de 68% no varejo e de 32% no food service. A projeção dos dados da pesquisa para 2019 é de aumento do food service para 36% e de redução do varejo para 64%, o que mostra que o consumidor buscará mais o consumo do café fora do lar. O Relatório ainda destaca em suas análises que o consumo de café deverá crescer no período de 2016 a 2017 a uma taxa de 2,9%, possibilitando que o consumo anual do Brasil chegue a 21,3 milhões de sacas de 60 kg no final do próximo ano.
Enfim, para entender melhor o atual mercado de café no Brasil e, principalmente, para conhecer em detalhes as tendências predominantes no setor e especialmente o que irá interferir nas preferências e hábitos do consumidor até 2019, vale a pena conhecer a íntegra do Relatório da pesquisa Tendências do Mercado de Café – Abril 2016 encomendada pela Abic, para avaliar com mais profundidade os dados obtidos e suas respectivas análises e conclusões, nos três eixos: Mercado de bebidas e macro econômicos; Mercado de café no Brasil; e O consumidor de café.
A Abic é uma das instituições integrantes do Conselho Deliberativo da Política do Café – CDPC, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa. Conselho que congrega representantes da iniciativa privada e do governo. Pela iniciativa privada fazem parte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA; Conselho Nacional do Café – CNC; Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC; Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel – ABICS; e Conselho dos Exportadores de Café do Brasil - CeCafé; e pelo governo: Mapa, Ministério da Fazenda – MF, Ministério das Relações Exteriores – MRE, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG.
O Observatório do Café divulga sistematicamente análises e informações técnicas das instituições consorciadas e parceiras, dados oficiais do Mapa, resultados de pesquisas, realização de eventos técnico-científicos e cursos e, em especial, o Relatório Mensal do Cecafé; Informe Estatístico do Café e VBP, do Mapa; Relatório Internacional de Tendências do Café, do Bureau de Inteligência Competitiva do Café; Relatórios sobre o mercado de café, da Organização Internacional do Café – OIC; os levantamentos de safra de café, da Conab; publicações sobre tecnologias; Revista Coffee Science; dados completos sobre Safras e Estoques; pesquisa sobre Consumo e Tendências; Estatísticas, Cotações e Análises; Clipping mensal de notícias veiculadas na mídia; Imagens, Vídeos e Áudios; Rede Social do Café; Relatórios de Atividades da Embrapa Café e do Funcafé; e site do Sistema Brasileiro de Informação do Café – SBICafé, entre tantos outros, como é o caso dessa pesquisa sobre as Tendências do Mercado de Café patrocinada pela Abic.
Veículo: Site Embrapa