Dentre 13 grupos de diversos setores do comércio, 11 tiveram queda em abril frente a igual mês de 2015
O setor de móveis, com alta de 5,4%, e o de tecidos, vestuário e calçados, com avanço de 2,1%, foram os únicos segmentos no Ceará com variação mensal (comparativo entre abril deste ano e igual mês de 2015) positiva na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). O levantamento foi divulgado ontem (14), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As altas, que não são suficientes para reverter o quadro do comércio no Estado, vão contra o movimento geral das vendas do varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e materiais de construção. A atividade recuou 11,3% no Ceará em abril ante igual mês do ano anterior e, entre janeiro e abril deste ano, o varejo ampliado do Estado registra queda de 11,5%. No acumulado dos últimos 12 meses, a retração é de 10,9%.
Enquanto as altas ficaram por conta dos móveis e dos tecidos, vestuário e calçados, as maiores quedas nas vendas foram nos materiais de construção, que se retraíram 33,4% no mês; eletrodomésticos (-24,5%); veículos, motocicletas, partes e peças (-19,9%) e papelaria (-17,6%). Dos 13 grupos, 11 tiveram variações mensais negativas.
De acordo com Cid Alves, presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Ceará (Sindilojas), não é de se surpreender que tais setores no Ceará apresentem dados positivos. "Quando o mercado está consumindo no varejo, nós vendemos nos outros setores, mas quando não está consumindo, móveis, calçados e vestuário se destacam", explica.
Ele justifica que isso acontece porque o Ceará é um polo produtor nos três segmentos. "Os preços desses produtos aqui no nosso Estado são muito atrativos, então quando há essa variação, extraindo os picos, o que existe é uma constância", acrescenta.
Receita nominal
Levando em consideração o varejo ampliado, a receita nominal do setor no Estado recuou 1% em abril, em comparação com igual mês do ano passado. Em 2016, a variação acumulada é de 1,5%. Já em 12 meses, a queda é de 2,8%. A maior variação mensal de receita nominal no Estado foi no segmento de hipermercados e supermercados, com avanço de 12,5%. No grupo geral, que abrange hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, houve crescimento de 11,6%. Outras variações positivas ficaram com combustíveis e lubrificantes (11,4%); artigos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos (10,3%); tecidos, vestuário e calçados (6,5%) e móveis (6,1%).
Para Cid Alves, no período ao qual se refere a pesquisa, "o otimismo ainda não estava instalado no seio dos consumidores". Segundo ele, ainda haviam muitas notícias negativas acerca da economia nacional e local e, com a confiança abalada, os consumidores não estavam indo as compras. "O que nós observamos nesse período foi o poder aquisitivo em queda", conclui.
Brasil
Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, no varejo ampliado do País, as vendas caíram 1,4% em abril, ante março, na série com ajuste sazonal. Na comparação com abril de 2015, sem ajuste, houve baixa de 9,1%. Até abril deste ano, as vendas acumulam queda de 9,3% no ano e recuo de 9,7% em 12 meses.
No cenário nacional, os destaques positivos foram nos setores de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que passou de -1,4% em março para 1% em abril; outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,9% para 2,8%) e tecidos, vestuário e calçados (de -4,7% para 3,7%).
A receita nominal do varejo ampliado caiu 0,4% em abril ante igual mês de 2015. No acumulado do ano, a retração foi de 0,6%, enquanto no apanhado dos últimos 12 meses, o resultado foi de -2%.
Veículo: Diário do Nordeste