Feijão é o vilão da vez

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Preço do produto dispara e tem alta de mais de 33% este ano na Grande BH, quase quatro vezes a inflação de 12 meses. Grão teve maior aumento entre itens básicos

Essencial no prato mais tradicional da culinária brasileira, o feijão subiu mais de 30% nos primeiros meses deste ano e se tornou um peso no bolso dos consumidores. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede a variação nas capitais, o preço do feijão subiu 33,49% no ano até maio e 41,62% em 12 meses. Outra pesquisa, da auditoria de varejo da GfK, que coleta preços em pequenos e médios supermercados em 21 cidades do país, o feijão subiu 28%. Na grande BH, o IBGE registrou aumento de 34,92% no preço do feijão-carioca ou rajado até maio, acima da média no Brasil. Em todos os casos, os reajustes superam em muito da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com alta de 9,32% em 12 meses até maio.


O aumento foi motivado por problemas climáticos, decorrentes do fenômeno El Niño, que afetaram a safra do Rio Grande do Sul, maior produtor do país, e também prejudicaram as lavouras de Uruguai e Argentina. Em 2016, os produtores gaúchos colheram 7,4 milhões de toneladas, com uma redução de 16% em relação à safra do ano passado. O reajuste do feijão ficou bem acima da inflação nos últimos cinco meses, de 4,05%.
De acordo com a consultoria GfK, em maio o feijão foi o alimento que registrou maior alta entre os alimentos básicos. A dificuldade que existe é que o alimento é de largo consumo, sobretudo entre os mais pobres, e praticamente é insubstituível. Em média, cada família brasileira consome cerca de 3 quilos de feijão por mês.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), entidade que representa a cadeia produtiva do grão, em algumas regiões o quilo do feijão chega a R$ 20 no varejo. O valor salgado do alimento típico brasileiro virou motivo de piadas e memes nas redes sociais. Entre os memes há o transporte de feijões em carro-forte, um só grão em um prato cheio de arroz e até mesmo afirmar que deixar o dente sujo com feijão após o almoço não é vergonha, mas ostentação.


Além do feijão com arroz, principal prato em todas as regiões do país, o grão é o principal ingrediente em outro prato tradicional da culinária mineira: o feijão tropeiro. Em janeiro, a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) alertou que as chuvas constantes registradas naquele mês afetaram a primeira safra do feijão em Minas, com perdas próximas a 40% na produtividade.


Segundo o presidente do Ibrafe, Marcelo Eduardo Luders, uma série de fatores levaram a alta do preço do feijão. “A falta de reajuste do preço mínimo, o preço atraente de commodities como soja e milho, que tem risco de produção menor diante da perspectiva do El Niño, além da seca que acabou atingindo o segundo e terceiro estado que mais produzem feijão, que são Minas Gerais e Bahia”, avaliou Luders. Segundo ele, o abastecimento do feijão só deve se regularizar no início de 2017.

Peso na mesa O feijão foi um dos vilões do aumento de 2,32% no valor da cesta básica em Belo Horizonte no mês passado, segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O custo da Cesta Básica em Belo Horizonte, cesta alimentar mínima necessária para uma pessoa adulta, foi de R$ 408,50 no mês de maio de 2016. Comparando com o mês anterior, os produtos que tiveram as maiores altas em maio de 2016 foram o tomate (19,48%), o feijão (13,93%) e a batata (10,78%). Os produtos que apresentaram queda de preços foram a banana (-18,51%), o arroz (-2,54%), o óleo (-1,11%) e o pão (-0,18%).


No ano, os produtos com maior elevação no preço médio foram a batata (50,0%), o feijão (32,42%) e a manteiga (26,06%). Os dois produtos que apresentaram queda em seu preço médio no período foram o arroz (-2,89%) e o tomate (-1,20%). (Com agências)

Alta em SP
Puxado pelos produtos de higiene pessoal, o preço da cesta básica no estado de São Paulo registrou a quarta alta seguida do ano e fechou maio com elevação de 1,16%. Pesquisa da Fundação Procon-SP, feita em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que o preço médio da cesta, no fim de maio, passou para R$ 678,44. No fim de abril, o valor era de R$ 670,63. O grupo de higiene pessoal subiu 2,88% em relação a abril. Alimentação registrou alta de 1,02%, enquanto na média os produtos de limpeza subiram 0,94%. Dos 39 produtos pesquisados, apenas 12 tiveram queda de preço. O litro de leite UHT, que teve alta de 0,52%, foi o alimento que mais pressionou a alta no período. A variação da cesta no ano é de 4,99%.


Veículo: Estado de Minas


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