Rio – O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 4,6% no trimestre até abril de 2016 em relação a igual período de 2015, estima o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), por meio do Monitor do PIB. O indicador antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial.
Apenas no mês de abril, o PIB recuou 4,2% em relação a abril de 2015, apontou o Monitor. Com o resultado, a atividade econômica brasileira caiu 4,8% no acumulado em 12 meses até abril.
Nos dados ajustados sazonalmente, o Monitor sinaliza queda de 0,86% no PIB no trimestre até abril ante o trimestre móvel imediatamente anterior. Em abril ante março, houve recuo de 1,1%
A desaceleração do ritmo de queda da atividade econômica em abril é mais um sinal de que a economia pode ter parado de piorar, após chegar ao fundo do poço. A avaliação é da economista Juliana Cunha, pesquisadora da equipe responsável pelo indicador no Ibre da FGV. “Pode ser um sinal de que o fundo do poço já chegou. Agora, a maior preocupação é com a velocidade da saída desse poço”, afirmou Juliana.
A economista sugeriu cautela antes de se pensar em recuperação da economia. A inflação pressionada e a tendência de alta no desemprego (e queda na renda) seguirão derrubando o consumo das famílias, enquanto o movimento de estabilização da queda da atividade está sendo puxado pela indústria da transformação.
Pelo Monitor da FGV, o PIB da indústria de transformação encolheu 8,4% no trimestre encerrado em abril, em relação a igual período de 2015. No primeiro trimestre do ano, a queda foi de 10,5%, na mesma base de comparação, enquanto no quarto trimestre de 2015 houve recuo de 12%. “A indústria da transformação alavanca praticamente todas as atividades, especialmente no setor de serviços”, disse Juliana.
O problema é que a melhora na indústria da transformação dificilmente terá efeito positivo sobre o consumo das famílias, ponderou a economista da FGV. Com grande ociosidade, a indústria tem espaço para produzir mais sem gerar empregos nem melhoria na renda.
Tanto que a projeção para o consumo das famílias melhorou menos. No trimestre móvel encerrado em abril, o consumo das famílias encolheu 5,8% ante igual período de 2015. No primeiro trimestre fechado, a queda foi de 6,3%, conforme os dados já divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (AE)
Veículo: Diário do Comércio de Minas