Produção foi prejudicada pelo clima e concorrência com culturas de maior liquidez
O início da colheita da safra irrigada de feijão neste mês, em Minas Gerais, provocou retração nos preços pagos aos produtores. Mas a tendência é que os valores voltem a subir nas próximas semanas. A oferta interna menor que a demanda é o principal fator de sustentação dos preços em patamares elevados, o que deve perdurar até janeiro, quando se inicia a colheita da principal safra do grão. Em 2016, a produção de feijão foi prejudicada pelo clima e pela concorrência com produtos de maior liquidez, como a soja e o milho.
De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders, a colheita da terceira safra de feijão está no início em Minas Gerais e Goiás, o que contribuiu para uma pequena retração nos valores do atacado.
Os dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), mostram que o valor da saca de 60 quilos de feijão carioquinha no Estado, que era negociada entre o mínimo de R$ 475 e o máximo de R$ 600, na última semana de junho, foi comercializada entre R$ 350 e R$ 550 nos primeiros dias de julho. Queda de 26,31% no valor mínimo e de 16,6% no preço máximo. Em julho do ano passado, a saca de feijão estava avaliada entre R$ 120 e R$ 160.
“O feijão começou a ser colhido, provocando retração na cotação, mas a tendência é que os preços continuem altos. Observamos que o feijão colhido é negociado rapidamente, e nem chega a ficar nos armazéns. Por isso, não temos expectativas de valores baixos pelo menos até o início de 2017, quando a primeira safra entrará no mercado. O produtor que conseguiu produzir no atual período terá um rendimento financeiro melhor”, explicou Lüders.
Ainda segundo o representante do Ibrafe, a demanda acima da oferta se deve aos problemas enfrentados ao longo das últimas safras. Além do fator climático, a concorrência com outros produtos, como a soja e o milho, impactou na decisão do produtor, que investiu menos no plantio do grão.
“Houve grande troca do plantio de feijão pelo milho e pela soja. Além disso, o Paraná e Minas Gerais, principais produtores de feijão, tiveram vários tipos de problemas climáticos, como a seca em Minas Gerais e o excesso de chuvas no Paraná. Por isso, vivemos a atual situação de escassez”.
Nem mesmo a suspensão da cobrança da alíquota de importação de feijão, aprovada pelo Comitê Executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), em junho, por um período de 90 dias, deve interferir de forma negativa na formação dos preços internos do grão. O feijão foi incluído na lista de exceção à Tarifa Externa Comum (TEC), reduzindo o imposto de importação de 10% para 0%.
“A importação será de feijão-preto e o consumo nacional significativo é de carioca. Por isso, não haverá interferência na cotação”, disse Lüders.
Veículo: Diário do Comércio de Minas