Setor espera desempenho melhor na temporada de 2016/ 2017, após retração de 3,2% no volume de vendas internacionais da safra passada; período seco favorece andamento da colheita no País
São Paulo - Problemas climáticos desde 2014 dificultam a recomposição dos estoques cafeeiros do Brasil. Depois de quedas nos volumes de exportação da safra passada e do primeiro semestre deste ano, o setor começa a temporada de 2016/ 2017 em clima de incerteza.
"Estamos entrando em uma safra maior, é o nosso sentimento. Teremos café para atender o mercado externo nos próximos meses, [mas] a partir de janeiro é uma interrogação", estima o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Nelson Carvalhaes, sem antecipar resultados até o fim da colheita, que segue em andamento no País.
No ciclo de 2015/2016, encerrado em junho, o segmento viu uma retração generalizada nas exportações totais, receita e preço médio, de respectivos 3,2%, 22% e 19,4%, quando comparados aos resultados da safra anterior. No período mais recente, os embarques ficaram em 35,41 milhões de sacas com faturamento de US$ 5,35 bilhões.
Na avaliação do executivo, o fenômeno climático assola o mundo inteiro e, com base em análises da Organização Internacional do Café (OIC), os estoques globais não ultrapassam 25 milhões de sacas, o que sustenta a demanda crescente dos players. No Brasil, há também um "sentimento" de que não foram formadas reservas.
Nos últimos cinco anos, a produção internacional do grão cresceu em um ritmo de 0,7% ao ano, enquanto o consumo avança a uma taxa de 2,2%. Nos mercados tradicionais (como Europa e EUA), a demanda sobe cerca de 1,6% anualmente, contra 5% nos emergentes, como os asiáticos. Detentor de 37% a 40% do market share global, o Brasil ainda carece de investimento em pesquisa para fortalecer o segmento produtivo no intuito de atender uma perspectiva otimista no consumo para os próximos dez anos.
Colheita e comercialização
A colheita de café da safra brasileira 2016/2017 foi indicada em 58% ou 31,95 milhões de sacas, até esta terça-feira (12), segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado. Os trabalhos estão ligeiramente adiantados em relação ao igual período do ano passado, quando 56% da colheita estava realizada. Na média dos últimos cinco anos, o percentual está em 59%.
O analista da consultoria, Gil Barabach, explica, em nota, que o clima mais seco favorece os trabalhos e a colheita avança de forma mais consistente no Brasil. No caso do conilon, está chegando ao final. "O resultado do benefício reforça os sinais de quebra e pode levar a números de safra piores do que os imaginados, especialmente no Espírito Santo. No arábica, segue a discussão em torno do percentual de queda e a perda de qualidade com a chuvas em junho. A ideia gira entre 20% e 30% da safra do sul de Minas e Mogiana comprometida com o excesso de umidade", destaca.
A comercialização desta temporada está em 31% da produção total, estimada em 54,9 milhões de sacas pela consultoria. Na avaliação mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada em maio, o País colherá 49,66 milhões de sacas no ano de 2016.
Nesta semana, a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), maior unidade cooperativista do Brasil no setor, informou que seus trabalhos de colheita atingiram a marca de 43,26% até o dia 8 deste mês. O volume é largamente superior aos 27,25% registrados no mesmo período de 2015. A área compreendida está entre São Paulo, o cerrado mineiro e o sul de Minas Gerais. A região mais adiantada é o sul de Minas Gerais, com 46,37% colhida.
Veículo: DCI