Inflação de alimentos deve manter a taxa Selic

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Embora a inflação oficial do País tenha voltado a perder força no mês passado, atingindo 0,35%, menor índice mensal desde agosto de 2015, quando o resultado havia sido de 0,22%, ainda é cedo para afirmar que a inflação tenha retomado a trajetória de convergência para a meta, cuja média é de 4,5% ao ano. Grupos como o de alimentos e bebidas seguem pressionando os preços e não apresentam qualquer sinal de arrefecimento no curto prazo. A principal consequência do movimento poderá ser percebida na taxa básica de juros (Selic), que, conforme projeções do mercado, deverá encerrar o exercício ainda em patamares elevados, em 13,25% ao ano.
 
Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) esperam pela manutenção da taxa em 14,25% ao ano, na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa hoje e termina amanhã. Já para 2017, as projeções são de mais cortes, devendo encerrar o exercício em 11%.
 
Em uma análise sucinta da economista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Irene Machado, não é possível prever o comportamento dos preços e, por consequência, a manutenção ou não da Selic. O motivo, segundo ela, está no fato de a maior pressão inflacionária estar vindo em maior escala do grupo de alimentos e bebidas, especificamente de itens de grande influência climática e sazonal.
 
“No mês passado, por exemplo, podemos pontuar que os vilões foram o feijão-carioca e o leite. Por outro lado, os itens de preços administrados seguraram a elevação”, disse.
 
Dados que compõem o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE mostram que o preço do feijão-carioca aumentou 41,78% em junho e o do leite em 10,16%. Depois de dois meses consecutivos de deflação, em 2015, desde outubro daquele ano seus preços só fazem subir. No leite, as altas têm sido observadas de dezembro do exercício passado para cá.
 
A oscilação nos preços de ambos os produtos pode ser explicada pela influência de fatores climáticos na produção e o aumento dos custos de insumos. Em Minas Gerais, a situação não é muito diferente. O índice da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) em junho chegou a 0,66% – sendo superior à média nacional – e também foi fortemente influenciado pelo grupo de alimentos e bebidas (0,46%). Feijão e leite também apareceram como vilões na região, com valores de 39,34% e 5,79%, respectivamente.
 
Neste caso, vale ressaltar que a produção de importantes grãos, como o milho e o feijão segunda safra, foi afetada pela escassez de chuvas ao longo de abril e maio, o que limitou o crescimento do volume a ser colhido no Estado. Assim, o 10º Levantamento da Safra 2015/16 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a produção de grãos em Minas será de 11,97 milhões de toneladas no período produtivo 2015/16.
 
A produção mineira de milho na primeira safra somou 5,1 milhões de toneladas, volume 6,4% menor. A oferta limitada, o real desvalorizado frente ao dólar e a demanda internacional aquecida fez com que as exportações do cereal fossem alavancadas e os preços internos bateram recordes.
 
No entanto, diferenças nos preços da soja e do milho levam mais tempo para se refletir nos custos do varejo porque acontecem por meio do impacto no custo de rações de animais, como é o caso da influência do milho no preço do leite. Já outros itens têm efeito mais imediato e foi isso que fez com que o feijão, produto de presença obrigatória no prato brasileiro, tivesse o preço tão elevado nos últimos meses.
 
Veículo: Jornal Diário do Comércio de Minas


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