Fabricantes de TV apostam em tecnologias para salvar 2016

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Perspectiva. Apesar dos esforços da indústria, a produção deve ficar na mesma marca do ano passado, na casa dos 9,5 milhões de unidades, com ajuda especial dos televisores inteligentes


 

São Paulo - Smart TVs, Ultra HD ou 4K. Vale tudo em termos de tecnologia para que os fabricantes de televisores consigam atrair novamente os olhares dos consumidores e, assim, tentar salvar as vendas até o fim do ano.
 
De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Lourival Kiçula, a produção de televisores deste ano deve chegar aos mesmos 9,5 milhões produzidos em 2015, considerado o menor nível alcançado nos últimos cinco anos. "Se atingirmos esse número em dezembro já estaremos felizes, mas acredito até que seja possível ultrapassá-lo um pouco. Não será um ano excepcional nem há como recuperar os impactos sofridos pela indústria, mas é um começo."
 
E as novas tecnologias podem ajudar na recuperação, uma vez que mesmo estando estáveis, as vendas ainda estão bem abaixo do pico de produção registrado entre 2012 e 2013, quando foram produzidas 14 milhões de unidades por ano no Brasil.
 
A expectativa dos executivos é de que os novos hábitos dos brasileiros como a TV on demand e aparelhos aptos para internet, com sistema operacional e alta resolução de imagem, ajudem a incentivar as trocas.
 
Observando a demanda por tecnologia aliada ao serviço, a LG Electronics trouxe para o Brasil uma nova linha de televisores com resolução 4K e telas Ultra HD. "As opções de conteúdo interativo estão crescendo e o segmento de tevês inteligentes deve passar dos atuais 11% para 25% de participação no negócio da empresa no Brasil até o final deste ano, graças a esse cenário", prevê o gerente de produto da LG, Igor Krauniski.
 
Para Kiçula, entretanto, a recuperação do setor será gradual, com um cenário melhor apenas a partir do ano que vem. "Em algum momento teremos de começar a recuperar as perdas causadas pela crise e não será imediato, mas espero que isso ocorra em 2017", prevê.
 
"Usabilidade"
 
A japonesa Sony acaba de lançar uma nova linha de TVs 4K com destaque para os modelos com mais de 65 polegadas. "Com a crise econômica que atingiu o País, o consumidor pensa muito bem onde irá investir seu dinheiro. Esse é um dos motivos pelos quais as TVs com mais polegadas têm maior apelo e vendem cada vez mais. Apostamos muito nesses modelos para o mercado nacional", afirma o presidente da Sony Brasil, Hiroki Chino, em entrevista ao DCI.
 
O otimismo do executivo também é resultado da maior demanda por televisores com conteúdo interativo e a expansão de serviços de conteúdo pago como Netflix e Globosat Play, onde o usuário escolhe quando e como quer assistir a programação oferecida.
 
O presidente do Grupo Eletrolar, organizador da maior feira do setor eletroeletrônico do País, Carlos Clur, acredita que tais opções de usabilidade serão o trunfo da indústria para os próximos meses. "Somada à tecnologia, a demanda pelas Smart TVs deve crescer cada vez mais e sempre com diversas opções de serviços. Agora o consumidor define o quê e quando irá assistir. Essas televisões oferecem a melhor experiência nesse sentido", avalia.
 
Há dois meses, a Sony Brasil desenvolveu também uma parceria com varejistas oferecendo, além da linha completa de produtos em lojas premium, suporte ao cliente. "Até agosto contaremos com 20 lojas onde será possível experimentar todos os nossos itens, como televisões e aparelhos de áudio. Além disso, haverá atendimento 24 horas e suporte durante um ano, incluindo a instalação dos produtos", revela o gerente de marketing da companhia, Marcelo Gonçalves.
 
As duas empresas farão dos televisores o carro-chefe do segundo semestre no mercado interno, afirmaram os executivos.
 
"Nesse setor, a inovação constante é uma regra. Tenho uma visão otimista justamente por observar que a indústria trouxe lançamentos agressivos, que devem aproveitar a sazonalidade típica do segundo semestre para alavancar o desempenho", avalia Carlos Clur, do Grupo Eletrolar.
 
A proposta da Samsung Brasil para o período é proporcionar experiências inovadoras com a nova tecnologia HDR, a mesma utilizada pelos estúdios de cinema. "Acreditamos que haverá um aquecimento na demanda, embalado principalmente por novidades como essa, que antecipam uma nova realidade de mercado", aposta o gerente da divisão de vídeo da empresa no Brasil, Érico Traldi.
 
Zona Franca
 
O Polo Industrial de Manaus (PIM), região que reúne uma parcela importante da cadeia produtiva de eletroeletrônicos, tem sentido de forma intensa os efeitos da crise.
 
De acordo com o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, o segmento que abrange fabricantes de televisores, tablets e celulares vem enfrentando quedas sucessivas há quase dois anos.
 
"A atividade dessa indústria caiu muito na região", conta o dirigente. O segmento de eletroeletrônicos representa cerca de 27% do faturamento da Zona Franca de Manaus.
 
No ano passado, o segmento de eletroeletrônicos faturou cerca de R$ 23,3 bilhões, queda de 18,8% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
 
Até maio, o faturamento de eletroeletrônicos já recuou 15,9%, para R$ 7,8 bilhões. Desse montante, R$ 4,4 bilhões - ou 15,6% do faturamento total do polo - ainda vêm da produção de TVs com tela LCD.
 
Périco comenta que a crise na zona franca de Manaus não é de hoje. "O desempenho do PIM já vem andando de lado há três anos, e tudo que produzimos na região é resultado do ânimo do mercado, que há muito tempo anda ruim", destaca Périco.
 
Na avaliação dele, além do aperto da renda, o medo do desemprego ainda assombra o brasileiro, o que afeta diretamente a produção da zona franca. "O que a indústria da região precisa urgentemente é o resgate da confiança", acrescenta.
 
Para o dirigente, ainda não há sinais de retomada da economia. "Devemos ter um aquecimento dos negócios de maneira consistente só a partir do segundo semestre de 2017."
 
No ano passado, o PIM registrou faturamento total de R$ 78 bilhões, recuo de 10,3% sobre o ano anterior. Em 2016, Périco estima uma nova retração de 30%. "A definição política é importante para evitar quedas maiores, mas não vejo mudança relevante do quadro atual nos próximos seis meses."
 
Veículo: DCI


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