6% maior que no ano anterior, a movimentação em 2015 não impediu o setor de repensar outros modelos de compra; forte demanda ainda atraiu interesse de empresas que não atuavam na área
São Paulo - Mesmo pouco prejudicado pela recessão, o setor de marketing promocional tem atravessado mudanças por conta do período. A modificação no perfil dos pedidos, um maior apelo ao mercado nacional e o interesse crescente de players vindos de outros nichos são mostras do novo cenário.
Atualmente, a cadeia do segmento (que também é conhecido como live marketing) engloba prestadores de serviços ou fornecedores envolvidos na ativação de pontos de venda, promoções ou eventos - é o setor quem abastece o mercado de brindes, por exemplo. No ano passado, de acordo com números da Associação de Marketing Promocional (Ampro), R$ 50 bilhões foram movimentados pelo segmento, reunido desde ontem (2) na Brazil Promotion, realizada em São Paulo e cuja lista de expositores demonstra o interesse de companhias de verticais totalmente distintas, como o e-commerce Netshoes, a fabricante de bebidas Pepsi, a grife de joias Swarovski e varejista de semijoias Monara, que está iniciando sua operação na área promocional este ano.
No caso do Netshoes - que também participou da feira pela primeira vez - a atuação envolve o fornecimento de produtos personalizados para empresas, como camisas e bolsas, muitas vezes produzidas pela marca própria da rede. "Temos um leque [de atuação] gigante e estamos na feira justamente porque o posicionamento dela mudou", explica a gerente de marketing B2B da Netshoes, Patrícia Lopes; o e-commerce já possui clientes relevantes na área promocional, como a universidade paulistana Mackenzie. Em outras verticais da atuação B2B, a rede conta com uma quantidade de parceiros mais extensa.
"A maioria das empresas grandes está enxergando esse mercado", corrobora a diretora de novos negócios da Forma Promocional (responsável pela organização do encontro), Thais de Vitto. A executiva, contudo, observa que a mudança não é a única em curso. "Trabalhar com pequenas quantidades se torna cada vez mais necessário, não só pelo momento econômico, mas também pela possibilidade de personalização do produto."
O modelo tem permitido que PMEs como a Rua do Alecrim Brindes Gourmet encontrem espaço, ofertando opções bastante específicas, como temperos customizados. A criação, por parte da Forma Promocional, de um marketplace voltado para a venda em pequenas quantidades também ilustra a importância das pequenas encomendas. A iniciativa não é a única visando o fomento de negócios: uma rodada de negócios dentro da feira envolvendo clientes previamente inscritos também gerará oportunidades.
Equilíbrio
No caso das compradoras de grande porte, a ativação do live marketing é realizada por agências (especializadas no segmento promocional ou que) que contratam os fornecedores de brindes.
De acordo com o diretor comercial do segmento promocional da fabricante de copos e utensílios domésticos Nadir Figueiredo, Marcos Brandão, a demanda desse tipo de cliente tem se mantido estável. "Há coisas que dificilmente param, como promoções ou ações de incentivo. Muitas delas também precisam desovar estoques, então colocam um brinde, como um copo, junto", explica Brandão. Já as compras oriundas de pequenas empresas - que nem sempre utilizam agências como intermediárias - está diminuindo; vale lembrar que para fabricantes como a Nadir Figueiredo, a venda em volumes menores não é um negócio interessante. De acordo com o último levantamento da Ampro sobre o tema, 13% dos clientes do setor são pequenas empresas, contra 26% de médias - os 64% restantes são consideras grandes.
Por outro lado, alguns aspectos gerados pela crise também impactaram o mercado de forma positiva. Exemplo disso é desvalorização do real, que tornou o produto nacional mais interessante frente rivais estrangeiros. "Quando o dólar estava barato era quase de graça trazer brindes da China", explica Brandão.
Fonte: DCI